6 de novembro de 2025
Comissão aprova MP que substitui alta do IOF e cria
Compartilhe:

Cerca de duas horas após o Senado aprovar em definitivo a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu a imprensa com visível alívio. Risonho, ele avaliou a aprovação como um marco político e fiscal do governo Lula.

A medida, principal promessa de campanha do presidente, levou mais de um ano para ser elaborada pela equipe econômica e nove meses para ser aprovada pelo Congresso. “Quem acreditaria que esse projeto seria aprovado de forma unânime nas duas Casas, na Câmara e no Senado? Ninguém. Mas está aí. A política pode muito mais do que as pessoas imaginam. A boa política”, afirmou Haddad.

Engenharia fiscal e desafio político

Durante a entrevista, o ministro destacou que o maior desafio foi convencer o Congresso e a sociedade de que a proposta seria fiscalmente neutra — ou seja, não aumentaria os gastos públicos nem geraria endividamento.

“O começo foi mais difícil do que o fim, sabia? Ninguém acreditava que pudéssemos cumprir a promessa de campanha, dando a isenção a quem ganha até R$ 5.000, com um projeto neutro do ponto de vista fiscal. Foi uma engenharia que levou um ano para se revelar”, disse.

Haddad lembrou que a proposta ganhou apoio popular após ficar claro que não haveria cortes em áreas sociais para viabilizá-la. “Quando as pessoas perceberam que a proposta não era dar com uma mão e tirar com a outra, que não íamos fazer a isenção aumentando dívida, tirando dinheiro da saúde ou da educação, mas cobrando de quem ganha muito e paga menos imposto, quando as pessoas entenderam que era uma proposta de justiça social, ela ganhou muita tração”, afirmou.

Orçamento e metas para 2026

O ministro afirmou que o Orçamento de 2026, atualmente em fase de fechamento, já prevê superávit primário. “Estamos fechando o Orçamento com a meta da LDO, que já é de superávit. Nós vamos entregar a menor inflação acumulada em quatro anos, o menor desemprego da história, o melhor crescimento desde 2010, o menor índice de desigualdade desde o início da série histórica e o melhor resultado primário desde 2015”, afirmou.

Segundo Haddad, a reação positiva do mercado é resultado direto da credibilidade fiscal conquistada. “A Bolsa vem batendo recorde e o dólar está caindo porque estão vendo que o que estamos entregando e construindo é consistente”, disse.

“O fiscal não vai explodir”

Questionado sobre as previsões pessimistas em relação à trajetória da dívida pública, Haddad rebateu de forma enfática: “O fiscal não vai explodir em 2027, como não explodiu quando fizemos a PEC da Transição”.

O ministro comparou a gestão fiscal a uma corrida controlada: “É como se as pessoas dissessem: ‘Olha, se continuar fazendo essa trajetória vai bater no muro’. Mas não é assim. Tem um piloto ali. Estamos numa pista de Fórmula 1, vamos fazendo as curvas, tangenciando. Quem quer que seja o presidente em 2027 vai herdar um país muito melhor do que o que o Lula herdou”.

Haddad encerrou a entrevista reafirmando que a aprovação da isenção é uma vitória da articulação política: “Mesmo com um Congresso que não tem a cara do governo Lula, foi possível construir. A política pode muito mais do que as pessoas imaginam”.

Questionado sobre juros, o ministro sorriu e desconversou: “Ah… desculpa. Hoje eu vou falar só de Imposto de Renda (risos).”

Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-comemora-isencao-do-ir-e-diz-que-situacao-fiscal-esta-sob-controle/