O comércio varejista brasileiro registrou queda de 0,3% na passagem de agosto para setembro, revertendo o ligeiro crescimento de 0,1% observado no mês anterior. Os dados, divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, ficaram abaixo das projeções de analistas de mercado, que estimavam alta de 0,4% para o período.
Segundo o instituto, o resultado negativo foi disseminado entre os segmentos pesquisados e reflete perda de ritmo das vendas no fim do terceiro trimestre. A queda ocorre após uma sequência de pequenas oscilações, em um cenário marcado por inflação moderada, crédito ainda restrito e mercado de trabalho estável, mas com sinais de desaceleração na renda disponível.
Acumulado no ano cresce 1,5%, mas ritmo perde força
Mesmo com o recuo mensal, o varejo acumula crescimento de 1,5% no ano. Já o avanço em 12 meses chegou a 2,1%, o menor desde janeiro de 2024, o que indica perda de tração do setor ao longo do ano.
Na comparação com setembro de 2024, o volume de vendas avançou 0,8%, marcando o sexto resultado positivo consecutivo nessa base de comparação. Ainda assim, o crescimento foi considerado modesto pelos técnicos do IBGE, especialmente diante da base fraca do ano anterior.
Livros, jornais e papelaria têm maior queda
Das oito atividades pesquisadas pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), seis apresentaram queda em setembro. O desempenho mais fraco veio do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que já vinha sofrendo com a migração para conteúdos digitais e com a redução estrutural do consumo nesses itens.
Outros setores também registraram retração, contribuindo para o resultado geral negativo. Segmentos tradicionalmente fortes, como hiper e supermercados, não tiveram força suficiente para compensar as perdas acumuladas nas demais atividades, mantendo o varejo em terreno negativo no mês.
Perspectivas
Economistas ouvidos pelo mercado avaliam que o setor deve encerrar o ano com crescimento moderado, sustentado principalmente pelo consumo das famílias e pelo pagamento do 13º salário no último trimestre. No entanto, alertam para a combinação de juros ainda elevados, crédito seletivo e endividamento das famílias, fatores que podem limitar a recuperação.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/varejo-brasileiro-cai-03-em-setembro-e-frustra-expectativa-de-alta-do-mercado/
