O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (12) que a caderneta de poupança funciona como um “Robin Hood às avessas”, por concentrar o dinheiro de pessoas com menor renda e menos acesso à educação financeira em um investimento de baixo rendimento.
Durante o Fórum de Investimentos 2026, promovido pela Bradesco Asset Management, em São Paulo, Galípolo declarou que a poupança é um produto “apoiado na desinformação”, que prejudica justamente quem mais precisa de retornos melhores.
“A poupança é um produto apoiado na desinformação, um Robin Hood às avessas”, afirmou. “Quem guarda dinheiro na poupança, muitas vezes, não tem acesso a outras alternativas. Essa pessoa acaba sendo subremunerada para que outro, do lado oposto, tenha crédito mais barato. Isso não é o mais correto do ponto de vista da progressividade econômica.”
Rendimento da poupança é bem inferior à Selic
Atualmente, a poupança rende 0,5% ao mês mais a variação da Taxa Referencial (TR), que está próxima de zero, resultando em um ganho de cerca de 0,67% ao mês — o equivalente a 6,17% ao ano. Já a taxa Selic, que serve de referência para aplicações como CDBs e Tesouro Direto, está mantida em 15% ao ano, o maior nível desde 2006.
A poupança ainda é uma das principais fontes de recursos para financiamentos habitacionais, mas os depósitos nessa modalidade vêm caindo nos últimos anos, refletindo a busca por alternativas mais rentáveis.
Mudança estrutural no comportamento do investidor
Segundo Galípolo, o encolhimento da poupança no país é um fenômeno “estrutural”, impulsionado pelo maior acesso da população à informação e à digitalização dos serviços financeiros. “Hoje é mais fácil pesquisar e comparar produtos. O mercado financeiro se transformou, e as pessoas estão mais expostas a diferentes opções de investimento”, explicou.
Copom mantém juros e adota postura cautelosa
Galípolo também comentou sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% ao ano. O presidente do BC destacou que o comitê atua com “humildade” diante de um cenário de incertezas e não pretende enviar sinais diretos ao mercado sobre futuras decisões.
Na ata mais recente, o Copom reforçou que os juros devem permanecer elevados por um período prolongado, com foco no controle da inflação e na manutenção da meta de 3% ao ano.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/galipolo-critica-poupanca-por-prejudicar-os-pobres-e-um-robin-hood-as-avessas/
