Durante um breve encontro à margem da reunião ministerial do G7, em Niágara, no Canadá, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, discutiram o impasse comercial gerado pelo tarifaço americano sobre produtos brasileiros.
O encontro, que durou cerca de cinco minutos, serviu para reforçar a determinação dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump em avançar nas negociações. Os dois líderes haviam se reunido no fim de outubro, na Malásia, quando tentaram abrir um canal de diálogo para amenizar a tensão econômica entre os países.
Impasse sobre o tarifaço
De acordo com o Itamaraty, o chanceler brasileiro reiterou a importância de buscar soluções para as sobretaxas de até 50% aplicadas por Washington a produtos nacionais como aço, alumínio, carne, café, frutas, pescados e máquinas industriais. Vieira informou que o Brasil enviou uma nova proposta no dia 4 de novembro, após reunião técnica virtual entre as equipes econômicas.
Apesar do gesto diplomático, as negociações seguem travadas. O governo americano chegou a sinalizar, de forma unilateral, que poderia reduzir tarifas sobre algumas importações de café — medida citada pelo presidente Trump e pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent —, mas o Brasil não foi mencionado diretamente. Mesmo assim, o sinal foi interpretado por Brasília e por setores privados como uma brecha para alívio parcial ao setor.
Tentativa de reaproximação
O tarifaço americano soma uma sobretaxa de 40% a uma alíquota-base de 10% e afeta cadeias estratégicas da economia brasileira. O governo Lula defende duas frentes: a suspensão temporária das sobretaxas até que seja fechado um acordo comercial mais amplo (plano A) ou a ampliação da lista de exceções (plano B), começando por produtos classificados por Trump como “recursos naturais indisponíveis” nos Estados Unidos.
A relação entre Brasil e EUA havia se deteriorado nos últimos meses, mas gestos recentes indicam uma tentativa de distensão. O breve cumprimento entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, seguido por uma conversa telefônica e pelo encontro na Malásia, abriu espaço para retomar o diálogo.
Sanções e novas ameaças comerciais
Além da questão tarifária, o governo brasileiro tenta reverter sanções impostas por Washington a cidadãos brasileiros — entre eles o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes — e evitar novas punições no âmbito da Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA. Esse instrumento permite que o governo americano adote medidas de retaliação contra países cujas práticas sejam consideradas discriminatórias para empresas norte-americanas.
A investigação americana sobre o Brasil inclui temas como comércio digital, serviços financeiros, tarifas preferenciais, desmatamento ilegal e o uso do Pix como ferramenta de pagamento. Caso o relatório conclua que há “práticas injustificáveis”, novas medidas punitivas poderão ser implementadas, ampliando as tensões entre Brasília e Washington.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/mauro-vieira-e-marco-rubio-voltam-a-discutir-tarifaco-em-encontro-no-g7/
