A Polícia Federal (PF) revelou nesta quinta-feira (13) detalhes de um esquema bilionário de fraude na Previdência Social envolvendo o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, preso durante operação realizada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo as investigações, Stefanutto recebia até R$ 250 mil mensais em propinas pagas por uma organização criminosa que fraudava descontos em benefícios de aposentados e pensionistas.
De acordo com a PF, o grupo utilizava a estrutura da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), conveniada ao INSS, para aplicar descontos indevidos diretamente na folha de pagamento dos segurados. Embora o serviço exigisse autorização formal dos beneficiários, as assinaturas eram falsificadas para viabilizar a cobrança.
Entre 2017 e 2023, apenas por meio da Conafer, o prejuízo estimado supera R$ 640 milhões. Considerando outras entidades envolvidas, o rombo pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões.
As investigações identificaram planilhas, mensagens interceptadas e repasses sem comprovação que reforçam a suspeita de que Stefanutto era peça-chave na operação criminosa. Parte do pagamento de propinas teria sido feita por empresas de fachada e até por uma pizzaria.
O Correio tenta contato com a defesa do ex-presidente do INSS. Caso haja manifestação, o texto será atualizado.
Ex-ministro da Previdência também é investigado
O ex-ministro da Previdência Ahmed Mohamad Oliveira, conhecido como José Carlos Oliveira, também é alvo da operação. Ele teria recebido vantagens financeiras para liberar repasses irregulares à Conafer durante sua gestão como diretor de benefícios do INSS.
Uma planilha de fevereiro de 2023 aponta o pagamento de R$ 100 mil ao apelido “São Paulo Yasser”, identificado pelos investigadores como Ahmed. Mensagens de WhatsApp obtidas no inquérito mostram agradecimentos dele por transferências recebidas.
A defesa do ex-ministro também foi procurada e, caso se manifeste, o conteúdo será atualizado.
A Polícia Federal aponta que Ahmed autorizou o desbloqueio e repasse de R$ 15,3 milhões à Conafer sem comprovação das filiações previstas no Acordo de Cooperação Técnica firmado com o INSS. A decisão permitiu a reativação e ampliação das fraudes, que passaram a atingir mais de 650 mil benefícios previdenciários.
A PF segue investigando outros possíveis envolvidos e o fluxo financeiro ligado à organização criminosa.
Correio Braziliense
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/ex-presidente-do-inss-recebia-r-250-mil-por-mes-em-propinas-aponta-pf/
