Professor da UEMA Explica Causas de Abalos Sísmicos Recorrentes em Caxias (MA)

Um novo tremor registrado em Caxias, na última quinta-feira (14), reacendeu a preocupação dos moradores e trouxe de volta o debate sobre a geologia da região. Para esclarecer as causas desses fenômenos, o professor Luiz Jorge Dias, da Universidade Estadual do Maranhão, conversou com o portal e detalhou por que esses abalos acontecem e quais os riscos reais para a população.

Geologia do Maranhão e o motivo dos tremores

Segundo o professor, os tremores sentidos em cidades como Caxias, São João do Sóter e Timon não têm relação com o encontro de grandes placas tectônicas. A explicação está nas características internas do território maranhense.

Ele afirma que noventa e dois por cento do estado é composto por bacias sedimentares formadas por arenitos, argilitos e siltitos, que são rochas frágeis. Essas camadas ficam sobre um embasamento rochoso muito antigo chamado Núcleo Cratônico São Luís São Francisco, uma estrutura formada há bilhões de anos e marcada por diversas fraturas naturais.

Reativação de falhas antigas é a principal causa dos abalos

O professor explica que a origem dos tremores está nessas fraturas profundas.

| “Os abalos sísmicos do Maranhão não têm relação com choque de placas tectônicas. Eles acontecem por causa da reativação de falhas geológicas muito antigas que ficam abaixo dos arenitos.”

Ele acrescenta que esses processos acontecem devido aos movimentos muito lentos da Placa Sul Americana, que podem comprimir ou distender o subsolo. A energia liberada nessas fraturas se propaga até a superfície e provoca os tremores percebidos pela população.

Riscos e níveis de atenção

O especialista orienta que os moradores mantenham a calma, mas fiquem atentos à magnitude dos eventos. Ele esclarece:

| “Tremores entre três e três vírgula cinco graus podem ser sentidos, porém não costumam causar danos materiais e nem representam riscos à vida humana.”

Esses são considerados abalos comuns. Já magnitudes mais elevadas exigem atenção.

| “Quando chega a quatro ou quatro vírgula cinco graus, as prefeituras, a Defesa Civil, as polícias e toda a população precisam estar preparadas para procedimentos de segurança.”

Apesar da preocupação, o professor reforça que esses tremores são parte de um processo geológico natural, esperado em regiões com estruturas profundas fraturadas.

Último registro oficial no estado

Antes do tremor divulgado nesta semana, o último evento sísmico registrado no Maranhão ocorreu em vinte e um de março de dois mil e vinte e três, quando um abalo de magnitude dois vírgula seis atingiu o município de Cantanhede.