iFood e Uber começaram a integrar seus aplicativos no Brasil nesta segunda-feira (17). Usuários do iFood passam a ver uma aba para pedir corridas da Uber dentro do próprio aplicativo, enquanto, nas próximas semanas, o aplicativo da Uber começará a exibir entregas feitas pelo iFood (de refeições a compras de mercado).
Belo Horizonte (MG) é a primeira cidade a receber o recurso, que será expandido para outras cidades ao longo do final de 2025 e começo de 2026.
O movimento marca a volta da Uber ao segmento de entregas de refeições, três anos após o fim do Uber Eats. E começa num momento no qual a chamada “guerra do delivery” ganha força, com rivais como 99Food e Keeta prometendo investimentos bilionários no país. No entanto, ao G1, as empresas negaram que a integração seja em reação ao acirramento da “guerra”.
Nova assinatura conjunta ‘iFood + Uber’ busca converter usuários
A integração começa por Belo Horizonte (MG) e avança, em dezembro, para cidades como São Paulo (SP), Rio (RJ), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Campinas (SP), Goiânia (GO), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA).
A expansão total está prevista para janeiro de 2026, quando as abas de mobilidade e delivery devem aparecer em todas as cidades onde as duas empresas operam. A implementação em fases foi pensada para testar estabilidade, calibrar oferta e evitar ruídos na experiência do usuário.
O coração da parceria é o Clube iFood + Uber One, assinatura conjunta de R$ 21,90 ao mês que une, pela primeira vez, benefícios de delivery e mobilidade num único plano.
No iFood, o pacote inclui cinco cupons de R$ 10 para restaurantes, frete grátis em mercados e farmácias e cupons extras em promoções. Na Uber, o usuário recebe 10% de créditos baseados nas viagens e dois descontos mensais de 25% (até R$ 5) em corridas Comfort e Black.
A estratégia é criar um círculo de fidelização capaz de transformar usuários ocasionais em clientes recorrentes das duas plataformas. Atualmente, apenas metade dos consumidores usa iFood e Uber de forma combinada.
Parceria acontece em meio a acusações de retaliação e inquéritos de concorrência desleal
A integração entre iFood e Uber nasce num ambiente de disputa intensa no delivery. A “guerra” está tão acirrada que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu monitorar as operações dos aplicativos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.
O órgão acompanha denúncias, práticas comerciais e possíveis impactos da competição ampliada, especialmente após o retorno da 99Food e a chegada da chinesa Keeta ao país.
No centro da tensão estão contratos de exclusividade. Restaurantes que romperam acordos do tipo com o iFood relatam ter sofrido o que chamam de retaliação: operações inativadas, perda de acesso a promoções e queda brusca na visibilidade dentro do aplicativo.
Em um dos casos, a quebra contratual rendeu a cobrança de R$ 1,2 milhão em multa, posteriormente reduzida pela Justiça para R$ 150 mil. A decisão foi contestada pelo iFood, que defende que os termos seguem o acordo firmado com o Cade.
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A disputa jurídica entre os players também escalou. O iFood ganhou ações para impedir que Rappi e 99 usem sua marca como palavra-chave em links patrocinados, enquanto a Polícia Civil investiga suspeitas de espionagem envolvendo a Keeta após pessoas com crachás falsos acessarem sistemas de restaurantes para obter dados estratégicos.
A 99, por sua vez, afirma operar com modelos que devolvem “poder de escolha” aos estabelecimentos, com taxas menores e contratos mais flexíveis. É nesse cenário turbulento que a aliança entre iFood e Uber tenta avançar.
(Essa matéria também usou informações da Folha de S. Paulo e do UOL.)
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