“Meu filho começou com uma tosse fraca, mas em dois dias ele já não conseguia respirar direito”. O relato é de Maria das Dores Silva, moradora da zona rural de São Luís. O menino de apenas dois anos precisou ser internado por pneumonia. “Foi desesperador. Só melhorou depois de uma semana tomando antibióticos e respirando com ajuda de oxigênio”, lembra.
Casos como o da família de Maria se repetem em todo o estado. Idosos, crianças, pessoas com o sistema imunológico comprometido ou com comorbidades estão entre os principais grupos de risco da pneumonia, uma das doenças infecciosas que mais causam mortes evitáveis no mundo.
O 12 de novembro, dia mundial de conscientização em torno da causa, foi instituído pela OMS em 2009 e tem o objetivo de alertar sobre os riscos, as formas de prevenção, além da importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
A pneumonia pode ser transmitida pelo ar, por meio de gotículas expelidas ao tossir ou espirrar, e também pelo contato com objetos contaminados, como copos, talheres ou superfícies tocadas por pessoas infectadas.
Em 2024 o estado registrou mais de 2.900 casos
Em 2024 o estado registrou mais de 2.900 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ao longo de todo o ano, de acordo com a Plataforma Monitora Saúde da Secretaria de Estado da Saúde. Mais de 500 óbitos foram registrados em todo o estado.
Neste ano de 2025, até o início de junho, foram contabilizados 1.303 casos. Os municípios que mais registraram casos foram São Luís (61) e Imperatriz (60).
A força da prevenção
Para conter o avanço da doença, o Governo do Maranhão intensificou a vacinação. Até maio de 2025, mais de 620 mil pessoas já haviam sido imunizadas contra a gripe, o que ajuda a prevenir complicações que podem evoluir para pneumonia.
Em São Luís, a vacinação contra a gripe está disponível nas Policlínicas da Cidade Operária e do Vinhais, além das salas de vacinação dos hospitais Dr. Genésio Rêgo, Vila Luizão e Aquiles Lisboa, além de postos e Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios.
“A imunização ajuda a evitar a infecção e, nos casos em que a pessoa contrai o vírus, reduz a gravidade do quadro. Entre as complicações mais sérias está a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que pode evoluir para pneumonia. O principal sinal de alerta é a falta de ar, que exige procura imediata por atendimento nas UPAs”, alerta o médico infectologista Bernardo Wittlin.
Principais sintomas
Os principais sintomas da pneumonia incluem febre alta, tosse com presença de catarro ou secreção amarelada, falta de ar, dor no peito ao respirar ou tossir, cansaço excessivo, calafrios e, em alguns casos, perda de apetite e confusão mental, especialmente em idosos. A intensidade pode variar conforme a causa da infecção e o estado de saúde do paciente.
Conforme o médico Kayo Reis, da Hapvida, muitas pessoas confundem a pneumonia com a gripe ou o resfriado por causa da semelhança nos sintomas iniciais. O que diferencia as doenças é a intensidade e a evolução do quadro clínico. Na pneumonia, os sinais tendem a se agravar rapidamente, podendo causar falta de ar, dor no peito e cansaço extremo.
“É fundamental procurar atendimento médico assim que surgirem febre persistente, tosse com catarro e dificuldade para respirar. Somente uma avaliação profissional pode identificar se realmente se trata de uma pneumonia e indicar o tratamento adequado. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de recuperação e menores os riscos de complicações”, explica o médico.
Pobreza e desigualdade
A pneumonia, embora tratável, continua matando. No Maranhão, as condições socioeconômicas e ambientais precárias são fatores decisivos. Falta saneamento, a poluição do ar doméstico é alta (devido ao uso de lenha e carvão), e muitas famílias vivem em moradias com ventilação insuficiente.
O problema se agrava entre povos indígenas e comunidades ribeirinhas. Em 2022, o Ministério da Saúde registrou que as doenças respiratórias foram uma das principais causas de morte infantil entre indígenas no Maranhão.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/em-2024-maranhao-registrou-mais-de-2-900-casos-de-pneumonia/
