Trump retira tarifa de 40% sobre carne, café e outros produtos brasileiros

O governo Donald Trump voltou atrás mais uma vez na guerra tarifária contra o Brasil. O presidente dos Estados Unidos assinou, nesta quinta-feira (20), uma ordem executiva para zerar as tarifas de 40% aplicadas sobre produtos agrícolas brasileiros, como o café, a carne bovina, o açaí e outros itens incluídos na lista de 249 exceções feita pela Casa Branca.

A decisão é válida para produtos que entraram nos EUA a partir da última quinta-feira (13). O governo americano também determinou que os impostos cobrados desde a data sejam reembolsados, conforme o texto divulgado.

A medida representa novo recuo do mandatário norte-americano. O decreto reverte os efeitos da ordem assinada em 30 de julho, quando Trump declarou “emergência nacional” para justificar sobretaxas sobre importações brasileiras, alegando políticas “incomuns e extraordinárias” que, segundo ele, prejudicavam empresas americanas e interesses estratégicos dos EUA.

Com a nova norma, café, carne bovina, açaí, cacau e outros itens voltam aos patamares tarifários anteriores ao tarifaço. Antes da queda de hoje, a alíquota aplicada ao Brasil havia sido reduzida de 50% para 40% na semana passada.

Decisão vale apenas para o Brasil

Ao contrário da ordem executiva publicada anteriormente, de alcance global, a medida anunciada nesta quinta se aplica exclusivamente ao Brasil. O documento menciona uma conversa telefônica entre Trump e o presidente Lula (PT), realizada em 6 de outubro, quando os dois governos teriam concordado em iniciar negociações sobre o tema. Segundo o novo texto, o recuo tarifário decorre do “avanço inicial nas tratativas” entre Washington e Brasília.

Reembolsos serão processados pelo governo americano

A Casa Branca informou que a Receita e a Alfândega dos EUA vão processar os reembolsos de acordo com a legislação vigente e os procedimentos padrão. Em justificativa formal, Trump escreveu que “certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional”, citando orientações de órgãos técnicos do governo dos EUA.

Vale ressaltar que o país norte-americano é o principal comprador de café do Brasil, respondendo por cerca de 16% das exportações. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as importações dos EUA do produto haviam caído 51,5% entre agosto e outubro — meses de vigência da taxa de 50% — na comparação com o mesmo período de 2024. Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou que a reversão “reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos”.

Até o momento, o Itamaraty e o Ministério da Agricultura ainda não se manifestaram oficialmente sobre a decisão.

* Em atualização