Esta sexta-feira (21) marca o último dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, no Pará. No entanto, as negociações podem se estender para que os países cheguem a um consenso. De acordo com o presidente do evento, um incêndio no pavilhão ocorrido na quinta-feira (20) pode atrapalhar ainda mais a programação.
“Realmente, as coisas mudaram um pouco. Estamos trabalhando nas consultas dos grupos regionais, online e por telefone. Amanhã (21), com a reabertura da Zona Azul, teremos negociações pela manhã e durante todo o dia. Então, vamos ver até quando vai durar. Você sabe que as COPs geralmente se estendem além do previsto. Queríamos adiantar, mas vamos ver como faremos amanhã”, declarou André Corrêa do Lago em entrevista à TV Brasil.
O que esperar do último dia da COP30?
O rascunho do texto final da COP30, divulgado na última quarta-feira (19), dá uma boa ideia do que pode ser acordado no encerramento. Espera-se que a conferência entregue um acordo capaz de colocar o planeta “no rumo das emissões líquidas zero” até meados do século (2050).
O documento ressalta que a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, em 2015, ainda está “viva”, mas defende que são necessários esforços com prazos e formas de implementação definidos, especialmente em relação ao fim dos combustíveis fósseis.
Também é esperado que o texto inclua metas para a eliminação progressiva do carvão e a redução massiva do uso de petróleo e gás, além de mecanismos de cooperação internacional que garantam uma transição justa para regiões dependentes dessas fontes de energia.
No documento da COP30, a prioridade é ampliar o financiamento climático. Isso inclui mecanismos para adaptação, mitigação, perdas e danos, além de apoio a iniciativas locais lideradas por povos indígenas e comunidades tradicionais. O texto salienta que, “sem financiamento previsível e suficiente, não há como viabilizar a transição que o planeta exige”.
O rascunho também destaca o papel estratégico das transições energéticas justas, propondo a expansão de investimentos em energias renováveis, redes de transmissão e sistemas descentralizados de acesso à energia – especialmente em regiões como a Amazônia.

Projetos do Brasil na COP30
Todos esses itens já são esperados nas conferências climáticas da ONU. O que diferencia a COP30 para os brasileiros é o fato de ser sediada no país. Por isso, as propostas do governo brasileiro ganham grande destaque.
A principal delas foi a criação do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), destinado a financiar projetos de preservação do bioma presente em 70 países.
Segundo o Itamaraty, o TFFF tem potencial para arrecadar cerca de US$ 125 bilhões (aproximadamente R$ 680 bilhões) em recursos públicos e privados. Até o momento, porém, os valores são bem mais modestos. Com a última doação, da Alemanha, de 1 bilhão de euros, o fundo chega a US$ 6,6 bilhões em promessas de contribuição.
Outro grande projeto do governo brasileiro, chamado de “mapa do caminho para os combustíveis fósseis”, enfrenta resistência nos bastidores do evento. De acordo com o g1, há um lobby de grandes produtores e consumidores de petróleo, gás e carvão para excluir a proposta do texto final.
No entanto, mais de 30 países afirmam que não assinarão o documento se o mapa não for incluído. Em carta ao governo federal, nações como Colômbia, França, Reino Unido e Alemanha declararam que “não podem apoiar um resultado que não inclua um roteiro justo, ordenado e equitativo para deixar os combustíveis fósseis para trás”.

Foto: Ricardo Stuckert / PR
O conceito de roadmap (mapa do caminho, em inglês) refere-se a planos de ação que estabelecem etapas e metas para um objetivo. A proposta ganhou força no início da Cúpula de Líderes da COP30, quando o presidente Lula convocou os países a construir um calendário global para a superação do petróleo, gás natural e carvão mineral.
Os detalhes do mapa do caminho para os combustíveis fósseis ainda estão em discussão, incluindo alternativas como uma proposta apresentada pela Colômbia no ano passado, que poderia servir como um “meio-termo” para o projeto.
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“Todo mundo já percebeu, com a cobertura de vocês, que as negociações são complexas, a geopolítica está difícil, a questão financeira também. Mas sentimos que há vontade de alcançar um resultado bom e ambicioso aqui em Belém”, completou o presidente da COP30.
Para ele, é fundamental que a conferência produza resultados concretos, reafirmando a importância do multilateralismo no mundo.
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