21 de novembro de 2025
Chip cerebral com capacidade para restaurar fala poderá ser testado
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A Food and Drug Administration (FDA), órgão governamental dos EUA que tem como uma de suas funções a regulamentação de produtos, autorizou que um chip cerebral para restaurar a fala, que vem sendo desenvolvido pela Paradromics, startup americana de interfaces cérebro-computador, seja testado em humanos.

A empresa afirmou que o dispositivo, chamado Connexus, foi desenvolvido para utilização médica a longo prazo. Além disso, “é a primeira Interface Cérebro-Computador (Brain-Computer Interface – BCI) de alta taxa de dados desenvolvida para oferecer alto desempenho ao usuário”.

O chip visa auxiliar pacientes paralisados a recuperar a fala e a capacidade de controlar computadores, possibilitando a comunicação das pessoas utilizando uma voz sintetizada ou texto. 

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Chip contra com uma estrtutura robusta para um funcionamento eficiênte
(Imagem: Divulgação/Paradromics)

Características do dispositivo Connexus

De acordo com o New Atlas, o Connexus foi desenvolvido com metais de grau médico para implantes, utilizando uma estrutura de liga de titânio e mais de 400 eletrodos de platina-irídio, as quais devem ser colocadas próximas aos neurônios da pessoa, por meio de um processamento integrado que permitirá o registro de uma grande quantidade de sinais cerebrais.

Os eletrodos têm uma medida de 40 micrômetros, tendo uma espessura menor do que a de um fio de cabelo humano. 

Como será o ensaio clínico

Chip cerebral
O procedimento de implantação será realizado no cérebro do paciente e tórax
(Imagem: Divulgação/Paradromics)

No ensaio clínico, a interface cérebro-computador (BCI) e seus componentes (transceptor interno, módulo cortical e cabo de extensão) serão colocados por meio de um processo cirúrgico sob a pele da pessoa, com os eletrodos sendo estendidos abaixo da superfície do cérebro, possibilitando a coleta de sinais de neurônios individuais no córtex motor.

Então, as informações serão enviadas por meio de um cabo subcutâneo que realiza a conexão com o transceptor implantado no tórax. O componente é o responsável pela transmissão de informações sem fio utilizando uma conexão óptica para transceptor externo utilizado pelo paciente.

O transceptor externo alimenta o sistema utilizando um carregamento indutivo, parecido com o carregamento sem fio dos celulares modernos. 

No final do processo, os dados são transmitidos para um pequeno computador equipado com modelos de linguagem avançados e inteligência artificial (IA), responsável pela análise de informações cerebrais que entenderá o que a pessoa está com vontade de falar ou realizar. A partir disso, ele deve transformar isso em palavras por meio de texto em tela ou fala sintetizada. Também será possível controlar dispositivos digitais. A pesquisa foi publicada na Nature.

Implante de chip
O procedimento será realizado por especialistas
(Imagem: Divulgação/Paradromics)

Testes iniciais

Apenas duas pessoas serão utilizadas nos testes iniciais. Elas vão ter a interface cérebro-computador (BCI) de 7,5 mm de largura colocada 1,5 mm dentro do cérebro para fazer os registros dos sinais de neurônios individuais. Além disso, terão um conjunto de eletrodos implantados na parte do córtex motor, responsável pelo controle dos lábios, laringe e língua.

Assim, os voluntários vão imaginar a pronúncia das frases que forem mostradas a eles e ela deverá ser transmitida dos neurônios para o computador externo. DDessa forma, o sistema aprenderá os padrões de atividade neural, sabendo quais deles correspondem aos sons da fala que o paciente deseja pronunciar. Isso vai personalizar a tecnologia. 

Essa é a primeira vez que haverá um teste de interface cérebro-computador (BCI) com o objetivo de gerar uma voz sintética, transformando em áudio, de forma simultânea, as informações obtidas no cérebro do voluntário. Para isso, o sistema terá como base gravações de falas antigas dos pacientes. 

Outra investigação a ser realizada por meio do ensaio clínico é sobre a capacidade da interface cérebro-computador (BCI) para consiguir detectar a ação a partir de movimentos imaginados das mãos, o que poderia viabilizar que a pessoa utilize o cursor de um computador.

Expansão do ensaio clínico

Se a fase inicial dos testes for bem-sucedida, o ensaio clínico deve ser ampliado para 10 participantes. Neste grupo, serão escolhidos dois voluntários para testar a implantação de dois dispositivos com o objetivo de elevar a capacidade de captação de sinal.

Paradromics

A Paradromics vem se consolidando entre as principais empresas na área de dispositivos neurais. A companhia tem sede em Austin, capital do estado norte-americano do Texas e já recebeu várias aprovações de Dispositivos Inovadores Breakthrough Devices (BID) da FDA. 

Além disso, é a primeira startup a ter a aprovação de IDE para restaurar a fala com uma BCI completamente implantável.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/21/ciencia-e-espaco/chip-cerebral-com-capacidade-para-restaurar-fala-podera-ser-testado-em-humanos/