Com 10,5 milhões de cabeças de gado, o Maranhão possui o segundo maior rebanho do Nordeste e como forma de combater a prática do abate clandestino de bovinos, caprinos e suínos e outros, o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Sagrima), revelou em entrevista a O imparcial, que a pasta estuda estimular a criação de consórcios mistos de forma regionalizada para atender o máximo de municípios possíveis.
Durante a conversa, Flávio Viana, também como tem sido feito o trabalho para erradicar a febre aftosa no estado, que não há ameaça de desabastecimento ou de alta no preço do arroz no Maranhão, além de outros assuntos relacionados ao segmento.
O IMPARCIAL – O Maranhão é um dos maiores criadores de bovinos do nordeste e uma das preocupações está relacionada à questão da febre aftosa. Quais os desafios do estado para erradicar a doença que é um perigo para os rebanhos ?
O combate à aftosa é um processo desafiador, tendo em vista que o Maranhão possui o segundo maior rebanho do Nordeste, com 10,5 milhões de cabeças de gado. O cenário exigiu maior atenção por parte do Estado à estrutura disponível para atender à demanda. Por isso, a agenda de defesa do Governo passou por reestruturações e, juntamente com a AGED, a Sagrima e demais órgãos do setor agropecuário, reforçou o diálogo com criadores, buscou parcerias e investiu em campanhas de conscientização. Todo êxito desse trabalho se reflete na recente conquista do Maranhão de Zona Livre da Aftosa sem Vacinação, reconhecido nacionalmente pelo Governo Federal.
Pequenos, médios e grandes criadores dos 217 municípios sofrem com a falta de segurança sanitária em abatedouros e frigoríficos. O que a Sagrima tem feito para reverter essa situação no estado ?
O Estado, por meio da Sagrima, já iniciou um trabalho conjunto entre prefeituras e consórcios intermunicipais para criação de abatedouros e frigoríficos mistos, onde serão realizados abates de espécies bovinas, caprinas, suínas, entre outras.
Em reunião recente, apresentamos o projeto das instalações físicas desses equipamentos e ouvimos as demandas dos representantes municipais interessados.
A proposta é estimular a criação de consórcios entre esses interessados para implementarmos o projeto de forma regionalizada, atendendo o máximo de municípios possíveis.
No momento, estamos buscando compreender a realidade e as necessidades das regiões para prosseguirmos com a adaptação do projeto e, dessa maneira, garantirmos segurança sanitária e alimentar para os criadores e a população.
De olho nas mudanças climáticas do estado
Sabendo que o Maranhão é um dos grandes produtores de arroz do país, qual o impacto econômico que essa tragédia climática no Rio Grande do Sul pode abater no preço para o consumidor final aqui no estado e nas demais regiões do Brasil ?
Até o momento, não há ameaça de desabastecimento ou de alta no preço do arroz.
O Rio Grande do Sul já colheu 84% da produção do grão, que vai ser destinada para o mercado interno.
O Governo Federal já importou 1 milhão de toneladas, que está sendo armazenada pela Conab. Por enquanto, os consumidores não precisam se alarmar.
Já tem algum projeto voltado para que mudanças climáticas não atinjam a produção agrícola e criação nos rebanhos maranhenses?
A Sagrima tem disponibilizado serviços da agrometeorologia, por meio da emissão de boletins semanais.
São alertas meteorológicos que contêm informações sobre a previsão do tempo e dos fenômenos que podem ocorrer, bem como destaca os possíveis impactos sobre a produção agropecuária do estado.
Nos boletins, também informamos métodos que orientam os produtores a minimizarem os possíveis danos causados pelos fenômenos.
Vale ressaltar que este é um serviço ainda em fase inicial, mas a secretaria conta com o apoio dos canais de comunicação institucional para divulgar de maneira efetiva essas informações.
Concomitante a isso, nossos técnicos também têm realizado palestras como forma de contribuir para disseminação dessas informações, necessárias para o produtor.
Sabemos que o clima é um dos fatores que mais influenciam o desenvolvimento dos cultivos e também do conforto térmico dos animais.
Por isso, a Sagrima vem se empenhando para desenvolver tal serviço e contribuir com o planejamento estratégico dos produtores e criadores, a fim de que a produção no campo não sofra com os impactos dos eventos climáticos extremos.
Qual a previsão do volume de negócios da 20ª Agrobalsas para este ano e qual a principal novidade para atrair mais investidores para o estado?
Para este ano, a expectativa é superar o volume de negócios realizados na edição passada, que totalizaram R$ 3,2 bilhões. Além do apoio e participação nos eventos estaduais, como o AgroBalsas, o governador Carlos Brandão vem intensificando os diálogos internacionais na busca por investidores.
Em abril, participamos da Fruit Attraction, a maior feira internacional do setor de frutas, que ocorreu em São Paulo. O evento nos oportunizou mostrar as potencialidades produtivas e de produção do nosso estado e possibilitou espaços para tratativas com investidores do mundo inteiro.
Dialogamos com representantes nacionais interessados pela produção maranhense de bacuri, com empresários chineses interessados pela produção de aves no Maranhão, entre outros. O governador quer mostrar as riquezas do Maranhão para o mundo, a fim de evidenciar o estado como uma grande vitrine de potencialidades em diversos ramos produtivos.
O que o Maranhão precisa para se tornar um dos grandes produtores agrícolas do Brasil e qual o primeiro passo para isso acontecer?
Um dos caminhos é identificar e classificar zonas que apresentem potencial produtivo para o desenvolvimento da atividade agrícola, analisando as condições de solo, clima e outras variáveis. Assim, é possível ter um panorama mais detalhado e com informações necessárias para criação de políticas de incentivo que atraiam investidores. O governador Carlos Brandão já vem desenvolvendo esse trabalho e um exemplo é o Plano de Fruticultura do Estado do Maranhão, lançado, por meio da Sagrima, no início de março. É um documento que traz um panorama do cultivo e da produção de 26 espécies de frutas no estado e demarca as regiões propícias para o cultivo de cada uma delas.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/05/consorcios-de-abatedouros-para-evitar-clandestinidade/