22 de novembro de 2025
Em Mensagem no Funeral, o cineasta Breno Ferreira transforma a
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O filme acompanha Joleano (Renato Góes), um testamenteiro que viaja pelo Maranhão lendo as cartas que os mortos deixam aos vivos.

Tudo muda quando, durante um velório, Joleano lê uma carta que revela à jovem Doroty que o homem no caixão não era seu pai biológico.

A menina, ferida e confusa, foge e o que era apenas mais um trabalho vira a jornada mais íntima de sua vida. Ao lado da espirituosa Marliane, e guiado pelo místico Mestre Chico (interpretado por Rubens Santos), o testamenteiro cruza o estado atrás da garota, atravessando povoados, feiras, estradas de barro e memórias, até chegar a Timon, cidade que marca o encontro definitivo entre Doroty e o pai desaparecido e, simbolicamente, o reencontro de todos com o sentido de família.

Para Breno Ferreira, Timon não é apenas uma locação, mas “um lugar de travessia, geográfica, emocional e espiritual”. A cidade é filmada como território de passagem e renascimento. Suas pontes, luzes e poeira servem de metáfora para o instante em que os personagens deixam de fugir e começam a se reconhecer.

A sequência em que Doroty encontra o pai tem em Timon o seu ponto de virada poético, onde o calor do sertão se mistura à delicadeza da reconciliação.

Visualmente, o filme aposta em fotografia naturalista e terrosa, contrastando interiores frios como a capela em São Luís com a luz quente e viva de Timon, o contraste entre o passado que se despede e o presente que insiste em continuar.

A câmera observa mais do que interfere, e o humor brota do constrangimento humano, lembrando o tom agridoce de O Palhaço e Pequena Miss Sunshine.

Fonte: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2025/11/em-mensagem-no-funeral-o-cineasta-breno-ferreira-transforma-a-estrada-em-espelho/