A potência do empreendedorismo negro, da inovação nos biomas brasileiros e do protagonismo indígena na produção agrícola sustentável do Maranhão ocuparam lugar de destaque na programação do Sebrae na COP30, realizada em Belém (PA). O Maranhão marcou presença em três painéis promovidos no stand do Sebrae na Green Zone, levando à conferência global iniciativas que contribuem para o desenvolvimento inclusivo e sustentável do estado.
Nesta quinta-feira (20), a iniciativa Tambores da Inclusão projetou-se no centro das discussões do painel “Construindo Justiça Climática no Brasil”, que reuniu lideranças femininas e especialistas para debater o protagonismo de mulheres negras e comunidades tradicionais na regeneração da Amazônia.
Com foco em diversidade e governança, o projeto do Sebrae Maranhão estimula o empreendedorismo entre grupos sub-representados da sociedade, aproximando o atendimento oferecido pela instituição a diversas comunidades do estado, como o território quilombola Itamatatiua, localizado em Alcântara.
O Sebrae Maranhão mantém um histórico de atuação no território, onde apoia o aperfeiçoamento do tradicional artesanato em cerâmica produzido por mulheres da comunidade. Com o Tambores da Inclusão, essa parceria ganhou novo fôlego, promovendo um ciclo de capacitações, modernização da produção e investimentos estruturais, incluindo a reforma e ampliação do Centro de Produção de Artesanato em Cerâmica e da loja que comercializa os produtos locais.
“O Tambores da Inclusão tem como missão empoderar e capacitar grupos socialmente vulnerabilizados, possibilitando que liderem negócios prósperos e sustentáveis, ao mesmo tempo em que impulsiona a transformação social e ambiental do Maranhão. Um dos pontos centrais do projeto é a valorização da cultura e da ancestralidade como pilares estratégicos para o desenvolvimento territorial”, pontuou a gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Maranhão, Cristiane Corrêa, que apresentou a iniciativa no painel.
Na quarta-feira (19), o gerente da Unidade de Inovação do Sebrae Maranhão, César Guimarães, também mediou o painel “Do Pampa à Amazônia – como a Inovação está agregando valor aos Biomas do Brasil”, reforçando a importância da inovação como eixo estratégico para transformar a sociobiodiversidade em oportunidades sustentáveis de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Questões estruturantes nortearam o debate, como os principais gargalos para transformar biodiversidade em valor econômico sustentável, o papel das políticas públicas para fomentar inovação nos territórios e exemplos de integração bem-sucedida entre tecnologia e conservação nos biomas brasileiros.
Durante a mediação, César Guimarães também destacou os resultados alcançados pelo Sebrae Maranhão na promoção da bioeconomia, especialmente por meio dos programas Inova Amazônia e Inova Cerrado.
“Através desses programas e também de iniciativas pontuais como o Startup Nordeste, já foram mais de 150 empreendedores apoiados nos últimos três anos, com investimentos feitos pelo Sebrae na ordem de 3 milhões de reais. Por meio desses ciclos, esses empreendedores passam por uma jornada muito forte de orientação e conexão com o mercado e a prova disso é a presença de alguns desses produtos na loja colaborativa Brasil BioMarket”, destacou Guimarães.
Agricultura sustentável em comunidades indígenas
O stand do Sebrae na Green Zone ainda recebeu, no sábado, dia 15, o painel “Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais”, no qual foram apresentados os resultados de uma iniciativa que vem promovendo avanços significativos no fortalecimento da bioeconomia local e no aumento da resiliência climática em comunidades indígenas de Grajaú.
Trata-se do projeto Roças Comunitárias Indígenas, realizado pelo Sebrae Maranhão em parceria com o Senar/ATEG e prefeitura. Mais de 800 pessoas já foram beneficiadas pela iniciativa, que envolve ações de manejo sustentável, planejamento agrícola e implantação de roças e hortas comunitárias para o cultivo de alimentos como feijão, mandioca, milho e diversas hortaliças.
A produção atende prioritariamente à subsistência das famílias, enquanto o excedente é direcionado a programas de fortalecimento da agricultura familiar e de oferta de alimentos saudáveis na rede pública. O diferencial do projeto está na integração de práticas tradicionais a técnicas modernas e sustentáveis, que possibilitam, ainda, a recuperação de áreas degradadas e a redução do desmatamento em Grajaú.
De acordo com o gerente da Unidade de Negócios do Sebrae de Grajaú, André Veras, o objetivo é gerar renda e segurança alimentar ao estimular a autonomia produtiva nas comunidades indígenas. “As boas práticas apresentadas fortalecem a agricultura familiar e os povos originários, para que eles possam, cada vez mais, garantir sua segurança alimentar e também sua renda por meio da comercialização dessa produção”, destacou Veras, que apresentou a iniciativa no stand do Sebrae.
Participante do painel, a nutricionista e pesquisadora Suane Oliveira pontuou que o trabalho de capacitação desenvolvido pelo projeto dentro das comunidades indígenas também é essencial para facilitar o acesso a outros recursos de incentivo à agricultura familiar.
“Eu achei muito interessante a fala do representante do Sebrae Maranhão quando ele destacou sobre a importância de se treinar e capacitar lideranças dentro das comunidades indígenas para ter acesso aos editais de fomento. Porque isso é muito importante para obter recursos e colocar em prática os projetos que são desenvolvidos dentro das comunidades”, enfatizou Oliveira.

Compensação de emissões de carbono
Na COP30, o Maranhão também apresentou ações inovadoras para mitigar os impactos da ação humana no clima. Em parceria com o Sebrae, a startup maranhense Compensei disponibilizou uma plataforma que permitiu o cálculo da quantidade de carbono emitida pelos visitantes durante o trajeto até o espaço da instituição.
Os registros dessas pegadas de carbono serão incluídos no processo de compensação de Gases de Efeito Estufa (GEE) promovido pela Compensei. Além disso, a startup maranhense irá calcular, reduzir e compensar todo o impacto ambiental das atividades do Sebrae na conferência, incluindo deslocamentos da equipe, montagem do estande, uso de energia, cenografia, fornecedores e materiais.
A compensação será realizada com créditos de carbono certificados, provenientes de projetos de reflorestamento, conservação ambiental ou energia renovável.
Fonte: https://oimparcial.com.br/empreendedorismo/2025/11/maranhao-consolida-participacao-na-cop30-com-paineis-de-inovacao-sustentabilidade-e-empreendedorismo/
