A Polícia Federal realizou uma megaoperação nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (27), para cumprir mandados de busca e apreensão contra 190 suspeitos ligados ao Grupo Refit, proprietário da antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e de dezenas de empresas do setor de combustíveis.
As investigações apontam a existência de um esquema de sonegação, fraude tributária e lavagem de dinheiro que teria causado um prejuízo estimado em R$ 26 bilhões de reais aos cofres públicos.
A ação acontece simultaneamente no Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. No total, 621 agentes públicos participam da operação, incluindo policiais federais, auditores da Receita Federal, promotores e fiscais de secretarias da Fazenda. A operação foi coordenada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo, com apoio de diversos órgãos estaduais e federais.
Acusações contra o Grupo Refit
O Grupo Refit é considerado o maior devedor de ICMS de São Paulo, um dos maiores do Rio de Janeiro e também um dos principais devedores do país. Segundo os investigadores, o esquema funcionava por meio da criação de empresas de fachada, simulação de operações interestaduais, ocultação de patrimônio e uso de estruturas financeiras para mascarar a circulação de combustíveis. As fraudes teriam sido praticadas ao longo de vários anos.
A Justiça determinou o bloqueio de aproximadamente 8,9 bilhões de reais em bens e valores a pedido do governo paulista. Em uma ação paralela, a Justiça Federal bloqueou mais 1,2 bilhão de reais. O objetivo é garantir futura recuperação de parte dos recursos desviados. Os investigadores afirmam que o grupo movimentou recursos por meio de holdings, offshores, fintechs e fundos de investimento, o que amplia a complexidade da apuração.
Histórico de irregularidades
O grupo já vinha sendo monitorado por autoridades fiscais e regulatórias. Em setembro de 2025, a Agência Nacional do Petróleo interditou a refinaria de Manguinhos após constatar irregularidades operacionais e problemas no cumprimento de normas de comercialização. Desde então, a empresa teria acumulado prejuízos diários estimados em mais de 5 milhões de reais devido à paralisação das atividades.
A Receita Federal também classificou a Refit como sonegadora contumaz. Documentos do órgão apontam que a empresa deixou de recolher mais de dois bilhões de reais somente no primeiro semestre de 2025. Além disso, investigações anteriores indicaram que parte da estrutura de comercialização do grupo poderia ter abastecido redes ligadas ao crime organizado, o que ampliou o escopo das apurações.
Cerca de 200 milhões de litros de combustíveis apreendidos foram colocados sob responsabilidade da Petrobras, que foi nomeada depositária oficial. A medida visa preservar o produto até que a Justiça defina seu destino final. Durante as buscas, agentes localizaram dinheiro em espécie, documentos e computadores que serão analisados pelas equipes técnicas.
Próximos passos
Com a deflagração da operação, os órgãos de investigação avançam agora para a fase de rastreamento de movimentações financeiras no exterior, identificação de possíveis laranjas, descoberta de bens ocultos e ampliação da responsabilização criminal dos envolvidos. A investigação é tratada como uma das maiores já realizadas no setor de combustíveis nos últimos anos e deve seguir com novas diligências e aprofundamento das provas coletadas.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/maranhao-e-alvo-de-megaoperacao-da-pf-contra-rede-de-combustiveis-suspeita-de-desviar-r-26-bilhoes/
