28 de novembro de 2025
Os benefícios das águas terapêuticas de Araxá
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Araxá cresceu com a fama da fonte de águas terapêuticas de Dona Beja, que nasce em temperaturas naturalmente quentes, de 37° a 38°. O município preserva, na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, uma tradição moldada pela força das águas. A cidade fica a 363 quilômetros de Belo Horizonte e mantém uma identidade que atravessa séculos.

A origem do nome Araxá é indígena e remete ao “lugar onde se vê o sol primeiro”. O relevo e as construções que priorizam o nascente reforçam a ideia. O centro ainda exibe casarões que guardam fragmentos da formação urbana, nos tempos do ciclo mineiro do ouro.

O local combina diversidade mineral, história viva e uma cultura que valoriza as propriedades terapêuticas que emergem do subsolo. Elas revelam um repertório que inclui águas gasosas, ferruginosas, carbonatadas e radioativas. Um complexo hidrotermal e hoteleiro recebe os turistas no município.

“Pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo buscam as águas terapêuticas no Grande Hotel Barreiro, onde há banhos em águas sulfurosas, radioativas e lama negra. Araxá é uma cidade acolhedora e hospitaleira, combinada com segurança e tranquilidade, um destino ideal para o bem-estar”, enaltece a secretária de Turismo de Araxá, Alda Sandra Marques.

Da fonte de águas terapêuticas de Dona Beja à cachaça na região

A figura de “Dona Beja” ampliou a fama de Araxá no século XIX. Ana Jacinta de São José era uma cortesã que se tornou símbolo de beleza e alvo da sociedade conservadora da época. A trajetória inclui o sequestro por um ouvidor de Dom João VI, a resistência à rejeição social e a criação da Chácara do Jatobá, um bordel de luxo.

A imagem dela se associou às águas e à lama do Barreiro, reforçando a lenda de que sua beleza era ligada às propriedades terapêuticas das fontes de água da natureza local. O nome dela hoje identifica um museu, uma fonte termal e uma cachaça da região.

A Fonte Dona Beja ocupa um papel central nessa narrativa. A água surge entre rochas vulcânicas e desce por uma gruta criada com azulejos brancos. A figura de “Dona Beja” acompanha a cena e mantém viva a memória da personagem.

Segundo a prefeitura de Araxá, as substâncias das águas auxiliam tratamentos respiratórios, estimulam o metabolismo e favorecem a diurese. Duchas naturais completam o cenário e jorram em frente à fonte.

O projeto do espaço leva a assinatura do engenheiro-arquiteto Raphael Hardy Filho, da equipe de Luiz Signorelli. A gruta estilizada abriga o emanatório que concentra a água radioativa. O mirante superior oferece vista ampla do parque e reforça como Araxá integra paisagem e patrimônio.

As águas minerais de Araxá emergem de uma cratera vulcânica única, formando um dos sistemas termais mais potentes do país. (Foto: Fabrízio Gomes/Acervo Prefeitura de Araxá)

Araxá possui fontes de águas sulfurosas e radioativas

Todo o complexo das fontes ergue-se ao redor da imensa cratera que molda a bacia do Barreiro — uma formação geológica de origem vulcânica que não apenas esculpiu a paisagem como deu vida às águas termais e aos minérios que orientaram a ocupação humana desde tempos remotos.

A Fonte Andrade Júnior, por sua vez, jorra água sulfurosa às margens do Lago do Barreiro. Os turistas buscam banhos de lama para aliviar estresse, dores musculares, reumatismo e distúrbios gastrointestinais.

De acordo com a prefeitura de Araxá, a água sulfurosa, de alta temperatura, é indicada para doenças reumáticas, problemas de pele, intoxicações e inflamações. A água radioativa, rica em radônio, contribui para o metabolismo e para o sistema imunológico.

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Grande hotel de Araxá registra era de ouro de Getúlio Vargas

O Grande Hotel Termas de Araxá consolidou a tradição termal do município no século XX. A obra, inspirada em casas de banho romanas e em referências europeias, começou em 1938 e terminou em 1944. O espaço funciona até hoje como um spa natural que oferece piscina emanatória, saunas, duchas, banhos de lama, imersão em água radioativa, massagens e tratamentos faciais.

O hotel, com 33 mil metros quadrados e apenas cinco quilômetros do centro de Araxá, reflete o momento de ouro da República com Getúlio Vargas. A suíte presidencial utilizada por ele é um local histórico preservado. Ocupava 200 metros quadrados e contava com dez cômodos, que continham entradas falsas e rotas de fuga, além de tabacarias e charutarias disponíveis apenas para o presidente.

Personalidades como Carmem Miranda e Santos Dumont também foram hóspedes do hotel. Nele, o plano “50 anos em 5″, de Juscelino Kubitschek foi consolidado, dizem relatos.

O Grande Hotel Termas de Araxá preserva o luxo histórico que transformou a cidade em referência nacional em turismo termal.Grande Hotel Termas de Araxá preserva o luxo histórico que transformou a cidade em referência nacional em turismo termal. (Foto: Fabrízio Gomes/Acervo Prefeitura de Araxá)

Complexo hoteleiro é patrimônio histórico de Minas Gerais

Criado para abrigar um cassino que durou dois anos, o edifício combina elementos coloniais hispano-americanos e detalhes neoclássicos. Colunas, capitéis, arcos e salões suntuosos integram a obra projetada por Luiz Signorelli. Os jardins de Burle Marx completam o conjunto e conectam o hotel às termas por acesso interno.

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), tombou o complexo hoteleiro em 1989. O Grupo Tauá gerencia o hotel, por meio de licitação.

“O hotel foi encomendado para atrair turistas, criar um centro de luxo e lazer para políticos e celebridades, além do funcionamento do cassino como atração, elevando todo o glamour da época. O turista tem a oportunidade de conhecer a história com detalhes pela visita guiada”, detalha a secretária de Turismo de Araxá.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/fonte-da-juventude-cidade-mineira-de-dona-beja-araxa/