Espaço das Américas será revitalizado na tríplice fronteira

Erguido em um dos cenários mais emblemáticos de Foz do Iguaçu (PR), o Espaço das Américas volta ao centro das atenções após mais de uma década de abandono. Localizado no encontro dos rios Iguaçu e Paraná, na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, o anfiteatro circular inaugurado em 1997 nasceu com a missão de simbolizar a integração latino-americana.

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Do local também era possível se observar os obeliscos (batizados de marcos) brasileiro, paraguaio e argentino, cercados por vegetação nativa. O projeto foi concebido na gestão estadual de Jaime Lerner, que idealizou o local como sede de encontros diplomáticos, centro de educação ambiental e referência para eventos culturais e debates sobre desenvolvimento regional.

A construção, assinada pelo arquiteto Domingos Henrique Bongestabs, impressionava pela simbologia: uma muralha de pedras representando solidez e união dos países vizinhos, integrada a grandes superfícies de vidro, que sugeriam transparência nas relações diplomáticas. Com 1.930 metros quadrados, o prédio foi projetado para aproveitar o cenário da tríplice fronteira de forma monumental.

O auditório, com 380 lugares, mirantes e áreas de convivência tornavam o Espaço das Américas um equipamento público único no país. Sua estreia ocorreu durante os Jogos Mundiais da Natureza, em 1997, evento que reuniu delegações internacionais em uma proposta que unia esporte, turismo e conscientização ambiental.

De espaço grandioso à falta de manutenção

Nos primeiros anos, o Espaço das Américas foi palco de reuniões de governadores, encontros setoriais e apresentações culturais. Em outubro de 2005, recebeu o Encontro Latino-Americano da Rede Paz – o último evento de grande porte realizado no local.

Na mesma semana, um raio atingiu a estrutura do anfiteatro, causando danos significativos. Com a deterioração física e a falta de planejamento continuado para uso permanente, o prédio entrou em desuso.

Temporais agravaram os problemas estruturais, a manutenção deixou de acontecer e, gradualmente, o acesso ao público foi fechado. Um espaço criado para ser símbolo continental se tornou uma estrutura isolada, tomada pelo desgaste e pela erosão do tempo.

Elevadores panorâmicos, acesso ao Marco das Três Fronteiras e mirantes

Concessionário do Marco das Três Fronteiras, o Grupo Cataratas recebeu das mãos do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), a licença ambiental para revitalização integral do Espaço das Américas. A proposta é transformar o prédio em um novo centro turístico, cultural e gastronômico, integrado ao marco.

A proposta é que a obra preserve a essência do projeto original, com uma “abordagem moderna, sustentável e acessível”. O plano inclui passarelas e elevadores panorâmicos ligando diferentes níveis do terreno, inclusive o acesso através do Marco das Três Fronteiras, criação de mirantes para contemplação da paisagem, áreas de convivência, espaços para exposições e serviços voltados à gastronomia.

Segundo o Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado ao governo paranaense, o projeto atende às normas ambientais e prioriza intervenções de baixo impacto, propiciando livre circulação da fauna e preservação da paisagem natural. Apesar de possuir a concessão para exploração do local há vários anos, somente agora a concessionária poderá investir no projeto que carecia de espaço para estacionamento.

Num esforço do secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Jin Petrycoski, uma área que fica localizada ao lado da aduana da Ponte da Integração servirá de apoio ao projeto e também ao marco. “Sem estacionamento, os empreendimentos não teriam como receber turistas”, justificou o secretário.

O projeto de revitalização tem estimativa de custo de R$ 30 milhões e projeção de ficar pronto em dezembro de 2027. A expectativa é grande com a retomada da exploração turística do endereço icônico que, por si só, já é um atrativo. Quando reabrir, o Espaço das Américas voltará a ser um local acessível para moradores e turistas contemplarem uma das paisagens mais simbólicas de Foz do Iguaçu.