O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, afirmou que não haverá interrupção do custo socioambiental pago pela usina durante o governo Lula, mesmo com a mudança prevista no modelo financeiro a partir de 2027. A proposta estará em debate na retomada da negociação entre Brasil e Paraguai, que voltam a discutir a revisão do Tratado de Itaipu, em dezembro, após a crise diplomática provocada pela suspeita de espionagem feita pelo governo brasileiro ao país vizinho.
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Segundo o diretor-geral da Itaipu, o entendimento bilateral, formalizado em abril do ano passado, é que o modelo financeiro baseado apenas no Custo Unitário do Serviço de Energia (Cuse) passe a vigorar em janeiro de 2027. Ou seja, o custo de operação da usina binacional deve levar em conta apenas as questões energéticas, excluindo os gastos socioambientais.
O uso de recursos da estatal para patrocinar atividades com fins político-partidários é alvo de críticas do setor elétrico e da oposição à gestão petista desde 2023. Apesar da previsão, Verri ressaltou que os gastos socioambientais provenientes da Itaipu devem continuar no governo Lula em 2026, ano em que o petista vai para a disputa à reeleição.
“Talvez nós não consigamos fazer investimentos tão amplos como estamos fazendo. Mas não há como pensar na Itaipu sem investimento socioambiental”, respondeu Verri, ao ser questionado pela Gazeta do Povo durante evento em Foz do Iguaçu.
Nesta quinta-feira (27), Verri e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, participaram da assinatura de cartas de interesse para projetos entre a Itaipu Binacional e Núcleos de Cooperação Socioambiental. Na avaliação do diretor-geral da Itaipu, a usina hidrelétrica depende diretamente da preservação ambiental, o que tornaria, na visão dele, a continuidade desses investimentos em uma necessidade operacional, não apenas política.
“Se não houver investimento socioambiental, o reservatório será assoreado […] O investimento pode ser reduzido, mas não comprometerá aquilo que a Itaipu tem feito até agora”, disse Verri.
Questionado sobre a tarifa, ele respondeu que Itaipu reduziu os valores em 26% com congelamento por quatro anos durante a gestão petista. Segundo o diretor-geral, a determinação do presidente Lula é de que a tarifa seja reduzida para o ano de 2027, o que será negociado com o Paraguai.
Verri informou que a primeira reunião técnica entre os países está programada para 11 de dezembro, no reinício das negociações para revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que terá validade para os próximos 50 anos, quando finalizado. A expectativa é que, até o início de 2026, estejam concluídos tanto o chamado Anexo Estruturante quanto a definição da tarifa de energia para 2027.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/itaipu-gastos-socioambientais-governo-lula/
