A Airbus determinou reparos imediatos em cerca de seis mil aeronaves da família A320, em uma das maiores ações de recall da fabricante europeia em seus 55 anos de história. A medida, divulgada nesta sexta-feira (28), afeta mais da metade da frota global do modelo e ameaça provocar fortes impactos durante um dos fins de semana de viagem mais movimentados nos Estados Unidos.
Segundo a Airbus, a decisão foi motivada pela análise de um “evento recente” que revelou que intensa radiação solar pode corromper dados críticos ao funcionamento dos controles de voo.
A companhia afirmou ter identificado um número significativo de aeronaves potencialmente afetadas. “A Airbus reconhece que essas recomendações levarão a interrupções operacionais para passageiros e clientes. Pedimos desculpas pelo inconveniente causado e trabalharemos de perto com os operadores, mantendo a segurança como nossa prioridade número um e absoluta”, declarou a empresa em nota.
Impacto global e possível paralisação
- A frota mundial da família A320 conta com cerca de 11,3 mil aeronaves em operação, incluindo 6.440 unidades do modelo A320 — que voou pela primeira vez em 1987 — e que, recentemente, superou o Boeing 737 como o jato mais entregue do mundo;
- No momento da emissão do alerta, aproximadamente três mil aviões do modelo estavam no ar;
- A correção envolve principalmente a reversão para uma versão anterior do software, procedimento que deve ser realizado antes que as aeronaves possam voar novamente, segundo um boletim enviado às companhias aéreas e visto pela Reuters;
- Fontes do setor afirmam que cerca de dois terços das aeronaves afetadas podem enfrentar paralisações breves para a atualização, embora mais de mil jatos também possam exigir substituição de hardware.
O maior operador mundial da família A320, a American Airlines, informou que cerca de 340 dos seus 480 aviões precisarão do reparo. A companhia estima concluir a maior parte do trabalho até sábado (29), com cerca de duas horas necessárias para cada aeronave. Outras empresas, como Lufthansa, IndiGo e easyJet, também retirarão temporariamente aeronaves de operação para realizar os ajustes.
A Avianca, da Colômbia, declarou que mais de 70% de sua frota — cerca de 100 aeronaves — foi afetada, provocando significativa interrupção em suas operações pelos próximos dez dias. A empresa chegou a suspender temporariamente as vendas de passagens para viagens até 8 de dezembro.

Leia mais:
- 12 dicas tech para espantar o tédio em viagens de carro, ônibus e avião
- Quais eletrônicos posso levar e usar no avião?
- Airbus: veja como será o caça do futuro
Origem do problema e investigação da Airbus
Fontes da indústria indicam que o incidente que motivou a ação ocorreu em 30 de outubro, envolvendo um voo da JetBlue de Cancún (México) para Newark (EUA). A aeronave sofreu uma queda brusca de altitude após um problema no controle de voo, resultando em ferimentos a vários passageiros. O jato fez um pouso de emergência em Tampa, na Flórida (EUA). O episódio desencadeou uma investigação da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês). JetBlue e a FAA não comentaram o caso.
O boletim interno da Airbus atribuiu o problema ao sistema Elevator and Aileron Computer (ELAC), responsável por transmitir comandos do side-stick dos pilotos para os elevadores, que controlam o ângulo de nariz da aeronave.
O equipamento é fabricado pela francesa Thales, que afirmou, em resposta à Reuters, que o computador “cumpre as especificações da Airbus” e que a funcionalidade afetada é sustentada por um software que “não está sob responsabilidade da Thales“.
Autoridades aeronáuticas acionadas
A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA, na sigla em inglês) emitiu, nesta sexta-feira (28), uma diretriz emergencial obrigando a realização dos reparos, enquanto a FAA estadunidense deverá adotar medida semelhante.
A Airbus informou ter trabalhado proativamente com autoridades de aviação para solicitar ações preventivas imediatas por meio de um Alert Operators Transmission (AOT), que incluirá proteções de software e/ou hardware.
Lançado em 1984, o A320 foi o primeiro jato comercial de grande porte a introduzir comandos computadorizados fly-by-wire. O modelo concorre diretamente com o Boeing 737 MAX, que sofreu um escrutínio global após acidentes fatais em 2018 e 2019 ligados a falhas no software de controle de voo.

Com oficinas de manutenção já sobrecarregadas por longas filas de inspeção e reparos de motores, a nova ação da Airbus deve aumentar a pressão sobre as companhias aéreas, que tentam equilibrar segurança e operações em um período de alta demanda global por viagens.
O post Airbus anuncia recall massivo da família A320 após incidente apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/28/carros-e-tecnologia/airbus-anuncia-recall-massivo-da-familia-a320-apos-incidente/
