4 de dezembro de 2025
Escolha de Trump para a NASA alerta sobre corrida lunar
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O bilionário astronauta particular Jared Isaacman concluiu sua segunda rodada de sabatinas para o cargo de chefe da NASA, reiterando a urgência de os Estados Unidos superarem a China na exploração lunar.

Segundo o Space.com, em seu testemunho perante o Comitê de Comércio, Ciência e Transportes do Senado dos EUA em Washington, D.C., realizado nesta quarta-feira (3), Isaacman enfatizou: “Se cometermos um erro, talvez nunca mais consigamos nos igualar.

Quem é Jared Isaacman, provável novo chefe da NASA

  • Isaacman, conhecido por financiar e comandar duas missões da SpaceX à órbita da Terra, teve sua nomeação para administrador da NASA revogada abruptamente em 31 de maio pelo presidente Donald Trump, após uma primeira audiência em 9 de abril;
  • As preocupações de Trump incluíam doações políticas de Isaacman a candidatos democratas e seus laços com a SpaceX. Na época, Isaacman atribuiu a revogação a “pessoas com rancor” e que ele era “um alvo visível“;
  • A situação mudou a favor de Isaacman quando Trump o renomeou em 4 de novembro, em meio a relatos de uma disputa de poder na gestão da NASA, que atualmente é liderada interinamente por Sean Duffy, ex-estrela de reality show e Secretário de Transportes;
  • Durante a audiência, Isaacman adotou um tom cauteloso sobre as reviravoltas em sua nomeação. “Eu nem começaria a especular por que o presidente me nomeou, retirou a nomeação e me renomeou, a não ser para dizer que sou grato pela oportunidade em primeiro lugar”, declarou ao comitê;
  • Ele também mencionou ter feito doações para ambos os partidos políticos e afirmou que sua única conexão com Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, foram as duas missões espaciais privadas lançadas em setembro de 2021 e setembro de 2024;
  • Isaacman não divulgou os custos dessas missões, citando um acordo de confidencialidade com a SpaceX, mas garantiu estar em conformidade com todos os requisitos éticos relacionados à sua nomeação.
Isaacman, conhecido por financiar e comandar duas missões da SpaceX à órbita da Terra, teve sua nomeação para administrador da NASA revogada abruptamente em 31 de maio e renomeada em 4 de novembro (Imagem: Inspiration4 Photos/Flickr)

Em sua declaração inicial, Isaacman transmitiu uma “mensagem de urgência“, argumentando que a NASA necessita de um administrador permanente antes do lançamento da missão Artemis 2, que levará astronautas em órbita da Lua, prevista para fevereiro de 2026.

O programa Artemis visa retornar astronautas à superfície lunar até 2028 e estabelecer uma presença sustentável de longo prazo. Essa iniciativa é vista como um pilar da competição dos EUA com a China, que, em parceria com a Rússia, planeja enviar astronautas à Lua até 2030.

As audiências recentes no Congresso têm sublinhado essa “nova corrida espacial” com a China, embora Democratas e Republicanos divirjam sobre a melhor abordagem.

Enquanto os Democratas criticam os cortes orçamentários propostos por Trump para a ciência da NASA – que, segundo eles, dificultariam avanços tecnológicos essenciais –, muitos Republicanos defendem uma abordagem mais enxuta para focar recursos em missões tripuladas à Lua e a Marte.

Isaacman ecoou a necessidade de vencer essa corrida espacial. “Estamos em uma grande competição com um rival que tem a vontade e os meios para desafiar a excepcionalidade americana em múltiplos domínios, inclusive no Espaço”, disse ele sobre a China.

Este não é o momento para atrasos, mas para ação, porque, se ficarmos para trás, se cometermos um erro, talvez nunca mais consigamos nos igualar, e as consequências podem alterar o equilíbrio de poder aqui na Terra.”

O bilionário elogiou os investimentos da administração Trump em voos espaciais tripulados e, em relação à ciência, prometeu “fazer o uso mais eficiente de cada dólar alocado” para futuros programas de grande escala, como o Telescópio Espacial Hubble e o Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês). Questionado sobre um proposto corte de 47% no orçamento científico da NASA para 2026, Isaacman declarou: “Se eu for confirmado, adoraria entender onde estamos atualmente.

Isaacman também defendeu um aprofundamento da relação com a indústria, para “não depender exclusivamente do contribuinte“.

Ele ressaltou que, embora não esteja ali para “ganho pessoal, para favorecer ou enriquecer contratados”, o aumento de gastos em propulsão e energia nuclear desenvolvidas privadamente, bem como em veículos de lançamento reutilizáveis, é crucial para a estratégia Lua-a-Marte da NASA.

Ele prometeu que a NASA “nunca aceitará uma lacuna” na pesquisa após a desativação da Estação Espacial Internacional (IIS, na sigla em inglês) em 2030, para evitar que a China a preencha com sua estação espacial, a Tiangong.

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Representação de um foguete passando pela Lua
Provável novo chefe da agência espacial tem, como prioridade, a corrida à Lua (Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock)

Outros temas abordados na audiência

Desde a primeira audiência de Isaacman, há quase oito meses, vários outros temas relevantes foram discutidos:

Fechamento de laboratórios em Goddard

Isaacman expressou que acompanha as notícias sobre os fechamentos de laboratórios no Goddard Space Flight Center da NASA em Maryland (EUA), que estão sob escrutínio do Congresso.

Ele enfatizou a importância de Goddard para os esforços científicos da NASA e reiterou a necessidade de tempo para entender a situação antes de tomar decisões, afirmando que alocaria o orçamento conforme as diretrizes do Congresso.

Sistema de pouso Artemis 3

Em outubro, Sean Duffy prometeu reabrir a concorrência para o contrato de pouso lunar da missão Artemis 3, originalmente concedido à SpaceX em 2021.

Isaacman abordou a questão ao nível de programa, destacando que a Blue Origin de Jeff Bezos também ganhou um contrato de pouso para astronautas da Artemis.

“Acho que a competição é fantástica. Acho que a melhor coisa para a SpaceX é uma Blue Origin logo atrás, e vice-versa”, disse ele. “Não tenho interesse particular em um provedor em detrimento de outro. Meu interesse é garantir que o objetivo seja alcançado.”

Projeto Athena

A Politico divulgou um plano confidencial de 62 páginas, intitulado “Projeto Athena“, escrito por Isaacman, que propõe mover algumas missões da NASA para o setor privado e operar a agência de forma mais empresarial.

No entanto, como a Planetary Society observou, o documento foi escrito antes de algumas das mudanças recentes na NASA e Isaacman sempre o apresentou como uma proposta. Em seu testemunho, Isaacman reiterou que o documento é uma coleção provisória de “ideias, pensamentos sobre a direção da agência, pedidos de pesquisa” que ele pretende modificar à medida que receber mais dados.

Voos supersônicos

O testemunho de Isaacman incluiu a discussão de programas, como o desenvolvimento de um jato supersônico “silencioso” da NASA (o X-59 fez seu primeiro voo de teste histórico em outubro), visando o retorno de voos comerciais ultrarrápidos nos EUA.

Questionado sobre como a NASA pode apoiar a inovação industrial sem regulamentação excessiva, Isaacman afirmou que a agência é “financiada pelos contribuintes para explorar o quase impossível no ar e no Espaço” e passaria a tecnologia para a indústria “onde a competição pode impulsionar a inovação e reduzir custos”.

Ele observou que a NASA não está em sua melhor forma “quando está fazendo o que a indústria está fazendo”, pois, nesse ponto, o talento, “natural e provavelmente, gravitaria para a indústria”.

Elon Musk
Isaacman disse que sua única ligação com Elon Musk se deu por meio das duas missões tripuladas comandadas por ele (Imagem: gerada por IA/Gemini)

A audiência de Jared Isaacman ocorreu em conjunto com a de Steven Haines, indicado para Secretário Assistente de Comércio para Indústria e Análise. O presidente do comitê, Ted Cruz, expressou a esperança de abrir a votação para a confirmação de Isaacman na segunda-feira (8), o que poderia colocá-lo na liderança permanente da NASA antes do recesso de fim de ano do Congresso.

Como rememora o Space.com, as chances de Isaacman parecem consideráveis. Ele já contava com forte apoio antes da retirada de sua primeira nomeação e esse suporte parece ter se mantido, ou, até mesmo, se fortalecido. Por exemplo, Sean Duffy, o atual administrador interino da NASA, endossou Isaacman e 36 astronautas da NASA assinaram uma carta apoiando sua nomeação.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/04/ciencia-e-espaco/escolha-de-trump-para-a-nasa-alerta-sobre-corrida-lunar-com-a-china/