O desempenho recente da economia brasileira, marcado pela desaceleração do terceiro trimestre, não deve mudar a posição do país entre as maiores economias do mundo na próxima década. Projeções atualizadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que o Brasil deverá permanecer estabilizado na 10ª colocação até 2030, mesmo com oscilações no curto prazo.
O organismo internacional revisou seus cenários em outubro e elevou a projeção de crescimento brasileiro para 2025. O país, que chegou ao nono lugar em 2023, caiu para a décima posição em 2024 — mudança atribuída às variações cambiais e ao dinamismo econômico de outras nações.
Corrida global dos PIBs
O ranking do FMI combina dados de Produto Interno Bruto (PIB) — soma de todos os bens e serviços produzidos — com projeções cambiais e tende a mostrar, ano a ano, a disputa entre as maiores economias do planeta. O estudo detalha o que o organismo chama de “corrida dos PIBs”, com previsões até 2030.
A revisão mais recente ocorre em um contexto de forte instabilidade internacional, influenciado pelas tensões comerciais deflagradas em abril pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ofensiva tarifária levou o Fundo a reduzir as estimativas globais de crescimento para 2025 e 2026 em sua revisão de primavera no Hemisfério Norte.
Impacto da guerra comercial e revisão das previsões
Em outubro, o FMI ajustou para cima a projeção de crescimento mundial para 2025: de 3% para 3,2%. Para 2026, manteve a expectativa de 3,1%. O organismo, porém, alertou que a ausência de acordos comerciais amplos mantém o nível de incerteza elevado, reduzindo o ímpeto de investimentos e limitando o avanço econômico.
No caso dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, houve revisão positiva: o crescimento previsto passou de 1,9% para 2% em 2025, e de 2% para 2,1% em 2026. Tarifas efetivas menores que as inicialmente anunciadas ajudaram a suavizar parte da volatilidade esperada.
Para a China, segunda maior economia, as projeções permanecem estáveis: 4,8% em 2025 e 4,2% em 2026, refletindo a adaptação gradual à nova realidade do comércio global.
Projeções do Brasil para 2025 e 2026
O Brasil teve sua estimativa de alta do PIB em 2025 revisada de 2,3% para 2,4%. O ajuste leva em conta o desempenho surpreendente do início de 2024, impulsionado por uma safra agrícola recorde. Mas o FMI aponta sinais de moderação: “já surgem sinais de limitação em meio a políticas monetária e fiscal restritivas”, destaca o relatório.
Para 2026, a previsão de expansão caiu de 2,1% para 1,9%, refletindo um cenário de menor tração econômica.
Disputa entre Brasil, Itália e Canadá pelo final do top 10
Os três países devem se alternar nas últimas posições entre as dez maiores economias do mundo até o fim da década. Canadá e Itália aparecem mais próximos do oitavo e nono lugares, com o Brasil logo atrás, mas bem distante em renda per capita.
Os números ressaltam a diferença: em 2024, o PIB per capita do Canadá chegou a US$ 54.473, o da Itália ficou em US$ 40.224, enquanto o Brasil registrou apenas US$ 10.214. A distância evidencia que, mesmo figurando entre as maiores economias, o país ainda está longe dos padrões de renda de seus concorrentes diretos.
Nenhum dos três aparece, porém, na lista dos países mais ricos do mundo quando se considera exclusivamente o PIB per capita — ranking liderado por Luxemburgo, com impressionantes US$ 138.634.
Brasil perde terreno entre emergentes em renda per capita
O relatório do FMI também destaca que o Brasil segue atrás de outras economias emergentes no indicador de renda. Países como Chile, México, Rússia e Malásia mantêm vantagem significativa, revelando maior capacidade de geração de riqueza individual.
As projeções reforçam que o país enfrenta o desafio de crescer de forma sustentada ao mesmo tempo em que busca reduzir desigualdades e elevar sua produtividade — fatores indispensáveis para melhorar sua posição relativa no cenário global.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/fmi-diz-que-brasil-deve-ficar-entre-as-10-maiores-economias-do-mundo-ate-2030/
