A Netflix anunciou, nesta sexta-feira (05), que chegou a um acordo definitivo para comprar a Warner Bros. Discovery (WBD). O pacote inclui os estúdios de cinema e TV, além de HBO Max e HBO, num movimento que pode redesenhar o mapa do entretenimento global.
É uma operação de US$ 82,7 bilhões, com valor patrimonial de US$ 72 bilhões, que une o alcance mundial e o streaming dominante da Netflix ao legado centenário de criação da Warner.
O negócio avalia a WBD em US$ 27,75 por ação e ainda depende de dois passos: a separação da divisão de redes globais, a Discovery Global, e a formalização da vitória da Netflix sobre rivais como Paramount Skydance e Comcast, que disputavam a compra.
A compra da Warner pela Netflix mistura ações, dinheiro e cronograma longo
A oferta da Netflix veio num modelo híbrido (dinheiro mais ações), mas com peso claro para o caixa. Cada ação da WBD foi avaliada em US$ 27,75, num pacote que leva o valor total da empresa a US$ 82,7 bilhões e o valor patrimonial a US$ 72 bilhões.
Pelo acordo, os acionistas da WBD vão receber US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações ordinárias da Netflix por papel. É a engenharia financeira que sustenta o maior movimento da história recente do entretenimento.
Essa parte em ações vem com um collar, mecanismo que protege as duas partes contra oscilações bruscas. Na prática, ele trava o valor da fatia acionária em US$ 4,50 por ação da WBD, desde que o preço médio ponderado por volume (VWAP) das ações da Netflix (medido nos três dias úteis anteriores ao fechamento) fique entre US$ 97,91 e US$ 119,67.
O negócio foi aprovado por unanimidade pelos conselhos das duas empresas e tem um cronograma de 12 a 18 meses até o fechamento. Para chegar lá, ainda falta o sinal verde dos reguladores, o voto dos acionistas da WBD e um passo estrutural decisivo: a separação prévia do braço de redes globais da companhia.
Em junho de 2025, a WBD havia anunciado que dividiria Streaming & Studios e Global Networks em duas empresas de capital aberto. Essa cisão, prevista para ser concluída no terceiro trimestre de 2026 (entre julho e setembro), cria a Discovery Global, que reúne CNN, TNT Sports nos EUA, Discovery, canais abertos na Europa e plataformas como Discovery+.
A Netflix projeta, depois de tudo concluído, economizar US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões por ano a partir do terceiro ano. E espera que o acordo aumente o lucro por ação (GAAP) a partir do segundo ano.
Netflix ganha catálogo histórico – e disputa regulatória de alto risco
A compra coloca lado a lado o alcance global da Netflix e a capacidade de estúdio da Warner Bros., numa mistura rara de escala e tradição.

A plataforma promete manter as operações atuais da Warner e reforçar seus pontos fortes, incluindo os lançamentos de cinema antes da chegada ao streaming.
Esse posicionamento já levanta dúvidas sobre como mudaria o modelo da própria Netflix, que sempre usou filmes para impulsionar assinaturas.
Para o mercado da criatividade, a empresa fala em mais oportunidades e numa indústria “fortalecida” pela combinação de produção de ponta com distribuição mundial.
Franquias como The Big Bang Theory, Sopranos, Game of Thrones e todo o Universo DC passam a dividir prateleira com clássicos como Casablanca e Cidadão Kane e sucessos modernos como Friends e Harry Potter numa biblioteca com títulos e franquias da Netflix, como Wandinha, Bridgerton, Stranger Things, Round 6, Guerreiras do K-Pop.
No entanto, o caminho até o fechamento está longe de ser tranquilo. Cineastas e produtores já pediram ao Congresso dos EUA um escrutínio antitruste rigoroso, enquanto legisladores querem avaliações detalhadas sobre o impacto da fusão na concorrência, nas janelas de distribuição e nas relações trabalhistas.
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Além disso, a rival Paramount Skydance contestou o processo, segundo o Wall Street Journal. A empresa acusou a WBD de favorecer a Netflix. Em carta ao CEO da WBD, a Paramount diz que a Warner “embarcou num processo míope com um resultado predeterminado que favorece um único licitante”.
A Paramount ainda afirmou que o acordo “provavelmente nunca fecharia” diante dos desafios regulatórios globais. Essa percepção é reforçada pelo fato de a proposta inicial da Netflix incluir uma taxa de rescisão de US$ 5 bilhões caso o negócio fosse bloqueado.
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