A administração de Donald Trump prepara um movimento mais robusto para impulsionar o setor de carros voadores elétricos nos Estados Unidos. O objetivo é apoiar empresas nacionais que disputam espaço nesse mercado em crescimento e, ao mesmo tempo, viabilizar demonstrações públicas da tecnologia durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.
O governo tem recorrido a ordens executivas e a um novo esforço de coleta de dados para acelerar a adoção dessas aeronaves, como mostra reportagem do The Washington Post. A iniciativa faz parte da agenda de transporte da administração e tenta responder ao interesse crescente de empresas e investidores nesse segmento.
Programa-piloto quer integrar carros voadores ao sistema aéreo
Em setembro, o secretário de Transporte, Sean P. Duffy, anunciou um programa-piloto voltado a testar formas de integrar diferentes tipos de “carros voadores” — como eVTOLs, híbridos e modelos totalmente elétricos — à aviação norte-americana. O projeto pretende avaliar, na prática, como esses equipamentos podem operar em rotinas reais.
A proposta nasce em um momento em que fabricantes como Archer Aviation, Joby Aviation e BETA Technologies defendem que suas aeronaves elétricas verticais podem transformar deslocamentos urbanos. Outras empresas, como a Wisk, subsidiária da Boeing, e a Reliable Robotics, desenvolvem versões autônomas, que dispensam piloto e prometem reduzir custos de operação, especialmente em áreas remotas.
O interesse financeiro também é significativo. No mês passado, a BETA Technologies levantou mais de US$ 1 bilhão ao abrir capital na Bolsa de Nova York. Porém, o setor ainda enfrenta dúvidas, após iniciativas frustradas — como a tentativa de usar carros voadores na Olimpíada de Paris em 2024 — e até casos de falência, incluindo a alemã Lilium, que encerrou operações após nova entrada em recuperação judicial.

Desafios e questionamentos no Congresso
Apesar do entusiasmo de parte da indústria, há ceticismo em setores do governo. Durante uma audiência recente na Câmara dos Deputados, o congressista Scott Perry (R-Pensilvânia) questionou o uso de recursos públicos para apoiar tecnologias ainda incertas.
Em sua fala, ele afirmou: “Estamos falando em gastar dinheiro do contribuinte em algo que ainda não existe.” Para Perry, o setor privado deveria arcar sozinho com o risco, argumentando que os eVTOLs não superam a física de um helicóptero tradicional.
Submissões abertas para o eIPP
As inscrições para o Electric Vertical Takeoff and Landing Integration Pilot Program (eIPP) ficam abertas até 19 de dezembro. Inspirado em um programa de drones criado no primeiro mandato do presidente Donald Trump, o eIPP quer entender como aeronaves elétricas mais silenciosas e com menor impacto ambiental podem ser inseridas no transporte aéreo dos EUA. Pelo menos cinco participantes serão selecionados.
O entusiasmo empresarial é alto. Greg Bowles, diretor de políticas da Joby Aviation, descreveu o eIPP para o Washington Post como o início de “uma nova era da aviação americana” e disse que a empresa espera colocar suas aeronaves em operações sobre grandes cidades já no próximo ano.
Sapan Shah, da Honeywell Aerospace, projeta forte interesse de governos estaduais e municipais. Ele avalia que os dados coletados poderão antecipar ajustes necessários para a adoção do modelo em sistemas de transporte existentes.
Empresas e estados querem participar
Além de Joby e BETA, a Archer Aviation afirmou em setembro que pretende participar do eIPP ao lado da United Airlines, uma das primeiras investidoras da empresa. Os selecionados devem ser anunciados em março, e as operações estão previstas para começar em até 90 dias. O programa terá duração de três anos, período que coincide com o planejamento de Joby e Archer para transportar visitantes durante a Olimpíada de Los Angeles.
O estado de Michigan também planeja concorrer. Bryan Budds, diretor de aeronáutica do Departamento de Transporte do estado, disse ao Washington Post que já foi instalada uma rede de carregadores para aeronaves elétricas em quatro aeroportos, em parceria com a BETA Technologies. Budds afirma que, além do transporte urbano, o estado vê potencial no envio de medicamentos e itens médicos para áreas rurais.
Apoio legislativo e interesse estratégico dos EUA
O Congresso norte-americano incluiu medidas em apoio aos táxis aéreos na última lei de reautorização da FAA, e a agência também publicou padrões para treinamento e certificação de pilotos dessas aeronaves.
Para defensores da tecnologia, investir agora é essencial para garantir a liderança dos EUA no setor. A China, por exemplo, já certificou um modelo capaz de transportar passageiros.

Durante a audiência na Câmara, o deputado Troy E. Nehls (R-Texas) reforçou esse argumento ao afirmar que os EUA precisam escolher entre apoiar a inovação ou permitir que outras nações avancem mais rapidamente.
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Ganhos iniciais com testes reais de carros voadores
Especialistas ressaltam que programas demonstrativos podem gerar informações valiosas, mesmo antes da certificação completa. Para Laurie Garrow, professora do Instituto de Tecnologia da Geórgia, colocar aeronaves em operações reais ajuda a identificar como elas se comportam no tráfego aéreo e onde estão os principais obstáculos.
Savanthi Syth, analista da Raymond James, afirma que oferecer aos fabricantes e às comunidades a chance de “experimentar” a tecnologia facilita a expansão futura.
Segundo ela, essa abordagem evita que empresas cheguem à certificação sem o apoio público necessário para operar em larga escala.
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