14 de dezembro de 2025
Maranhão é o 4º do Nordeste em novos casos de
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O Maranhão ocupa o 4º lugar entre os estados do Nordeste em número de pessoas vivendo com HIV/aids, com 1.034 casos notificados este ano até agora. O dado é do Boletim Epidemiológico HIV e Aids 2025, do Ministério da Saúde, e coloca o estado atrás apenas de Bahia, Pernambuco e Ceará no ranking regional. Ainda segundo dados oficiais, o período entre 15 e 24 anos de idade respondeu, ao longo dos últimos dez anos, por até 15% do total de novos diagnósticos. Para os especialistas, isso demonstra a importância do cuidado especial com a prevenção nessa faixa etária, especialmente quando comparada a outras.

As estatísticas mundo afora também embasam essa percepção. De acordo com estatísticas do relatório mais recente do programa conjunto das Nações Unidas (Unaids) em 2024, havia cerca de 40,8 milhões de pessoas vivendo com o vírus HIV no mundo e, desse total, 53% eram mulheres e meninas. Para os especialistas, a falsa sensação de segurança é um dos fatores para o contágio pelo HIV entre adolescentes e jovens.

“Os jovens não vivenciaram o período crítico da epidemia nos anos 1980–1990 e subestimam o potencial de gravidade do HIV”, avalia a infectologista da Hapvida, Mônica Gama. “Além disso, a existência de tratamento eficiente, que assegura o controle da infecção, leva a uma percepção equivocada de que a infecção ‘não é mais tão grave’”, explica.

Outro fator que chama a atenção e favorece o contágio é o uso baixo de preservativos entre os jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os anos de 2014 e 2022 o percentual de adolescentes que usaram preservativos durante a última relação sexual caiu de 70% para 61% entre os meninos e de 63% para 57% entre as meninas. 

Para Mônica Gama, essa normalização das relações sem proteção também acaba sendo influenciada até mesmo por conteúdos digitais. “O início precoce da vida sexual sem informação adequada sobre medidas de proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis é uma realidade e um problema grave, que também expõe jovens ao risco”, afirma Mônica.

ÓBITOS

Em relação à mortalidade por HIV/aids, o Maranhão acumula 8.084 óbitos entre os anos de 2014 e 2024, o que o posiciona como o 5º estado com maior número absoluto de mortes no Nordeste, à frente de estados como Piauí, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. 

Em 2024, ano mais recente do levantamento do Ministério da Saúde, foram 354 óbitos, indicador que mostra a necessidade contínua de investimentos em prevenção e ferramentas de diagnóstico precoce. Infelizmente, a testagem ainda é encarada como um tabu.

Segundo Mônica, a ausência da testagem é um dos fatores que impede um tratamento adequado. Isso acontece, segundo ela, tanto por vergonha de se submeter ao teste quanto pela falta de informações. Ela destaca a existência da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que podem ser acessadas gratuitamente pelo SUS.

A PrEP tem duas modalidades: a diária e a sob demanda; ambas consistem no consumo de comprimidos que, em caso de contato com o vírus, impedirão que a infecção se estabeleça. “É uma medida com eficácia acima de 99% quando usada corretamente, fornecida pelo SUS, sob indicação médica, e indicada para jovens com vida sexual ativa e risco aumentado. E existe a PEP, também gratuita, que deve ser iniciada até 72 horas após uma relação sexual de risco”, explica a especialista.

Por isso, entender que as medidas de prevenção não devem ser ignoradas faz muita diferença. “A prevenção tem que ser combinada com várias estratégias, conforme abordagem recomendada pelo Ministério da Saúde. O uso de preservativos feminino ou masculino, disponíveis gratuitamente em postos de saúde, escolas e campanhas públicas; fazer testagem regular e teste rápido disponíveis no SUS. Em caso de diagnóstico, é preciso manter uma adesão rigorosa ao tratamento. Vale lembrar que pessoas vivendo com HIV que estão em tratamento e têm carga viral indetectável não transmitem o vírus por via sexual”, reforça a infectologista.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/maranhao-e-o-4o-do-nordeste-em-novos-casos-de-hiv-aids/