A vacina Butantan-DV, desenvolvida pelo Instituto Butantan, pode frear a replicação do vírus da dengue e reduzir a transmissão. Além disso, o imunizante reduz complicações em casos de pacientes infectados e já se provou eficaz em diversos casos.
As conclusões fazem parte de um estudo publicado recentemente na The Lancet Regional Health – Americas, que demonstram a eficácia e segurança da vacina.
Vacina do Butantan pode frear replicação do vírus da dengue
A pesquisa foi feita com amostras de sangue de participantes do estudo clínico de fase 3 da própria vacina, que contou com mais de 16 mil voluntários de 14 Estados. Foram analisadas 365 amostras positivas para o vírus, com o objetivo de analisar a diversidade genética do patógeno e compará-la entre vacinados com a Butantan-DV e não vacinados.
Desse número, 160 amostras tiveram seu genoma completo sequenciado, o que permitiu criar uma “árvore genealógica” do vírus da dengue – e fazer descobertas importantes:
Uma das dúvidas que buscamos responder é se haveria alguma linhagem viral associada ao escape vacinal, ou seja, se a vacina estaria protegendo apenas contra algumas linhagens e deixando escapar outras. E vimos que isso não estava acontecendo. As cepas eram as mesmas nos dois grupos analisados.
Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e autor do artigo
Com isso, o estudo concluiu que a vacina da dengue do Butantan é capaz de frear a replicação do vírus (os casos de “escape vacinal” citados por Nogueira).

Imunizante diminui sintomas e complicações
O estudo ainda descobriu que os pacientes imunizados com a Butantan-DV tiveram sintomas menos graves e menor risco de complicações. Como lembra a Agência Fapesp, a baixa carga viral está associada à redução no risco de transmissão do vírus para mosquitos.
Nogueira defende que a vacina diminui a circulação do vírus e ajuda a minimizar surtos da doença. No entanto, segundo ele, isso ainda precisa ser comprovado com mais estudos.
A pesquisa ainda analisou se o imunizante estaria exercendo uma pressão seletiva sobre o vírus – ou seja, favorecendo o surgimento de variantes capazes de driblar os anticorpos. O genoma sequenciado foi submetido a modelos computacionais que analisaram possíveis mutações.
Os dados mostraram que não houve diferença nas taxas de mutação entre vacinados e não vacinados. Nesse caso, a vacina não estaria favorecendo variantes raras ou perigosas que poderiam driblá-la.

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Vacina da dengue do Butantan tem previsão para chegar na rede pública
- Os testes clínicos da Butantan-DV já comprovaram que a vacina tem 74,7% de eficácia geral, 91,6% de eficácia contra a dengue grave e 100% de eficácia contra hospitalizações;
- O imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim de novembro;
- Conforme reportado pelo Olhar Digital, a previsão é que ela esteja disponível na rede pública já a partir de janeiro de 2026, para pessoas entre 12 e 59 anos.
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