A Tesla voltou ao centro do debate sobre carros autônomos na Califórnia. O Departamento de Veículos Motorizados do estado (California DMV) concluiu que a empresa violou a lei ao usar termos como “Autopilot” e “Full Self-Driving” de forma enganosa em seu marketing. Para o órgão regulador, os nomes sugerem capacidades de direção autônoma que os veículos da Tesla não oferecem.
A decisão segue o entendimento de um juiz administrativo e coloca a montadora sob pressão. Se a Tesla não ajustar a forma como descreve seus sistemas de assistência ao motorista, pode sofrer uma suspensão temporária da licença de vendas na Califórnia, seu maior mercado nos Estados Unidos.
Califórnia decide que promessa da Tesla foi além do que sua tecnologia entrega
O ponto central da decisão do DMV é: ao usar “Autopilot” e “Full Self-Driving” para descrever seus sistemas, a Tesla induziu consumidores a acreditar que seus carros eram capazes de dirigir sozinhos. Na prática, segundo o órgão, trata-se de sistemas avançados de assistência ao motorista, que exigem atenção constante de quem está ao volante.
Esse entendimento não é novo, mas agora ganhou peso regulatório. O DMV adotou oficialmente a decisão de um juiz administrativo que analisou anos de materiais de marketing da empresa. A conclusão foi: em nenhum momento, nem no passado nem hoje, os veículos da Tesla foram capazes de operar como carros totalmente autônomos.
A investigação apontou que a comunicação da empresa exagerava as capacidades do sistema, sugerindo viagens curtas e longas sem intervenção humana. Para os reguladores, isso cruza a linha da publicidade aceitável por criar expectativa incompatível com o funcionamento real da tecnologia.
Como consequência, o DMV estabeleceu um prazo para que a Tesla corrija sua comunicação. Caso isso não aconteça, a punição prevista é a suspensão da licença de vendas por 30 dias no estado. A licença de fabricação, que poderia paralisar a produção, ficou fora da penalidade final, numa decisão que buscou evitar um impacto industrial mais amplo.
Caso da Tesla contrasta com quem já opera robôs-táxi de verdade
A decisão também ajuda a entender por que a Tesla costuma ser comparada (e cobrada) ao lado de empresas como a Waymo, do grupo Alphabet. Enquanto a Tesla aposta em sistemas supervisionados, a Waymo já opera robôs-táxi totalmente autônomos, com passageiros pagantes, em cidades como São Francisco, Phoenix, Los Angeles e Austin.

A diferença não está só na tecnologia, mas no modelo regulatório. Os carros da Waymo circulam em áreas específicas, com autorização explícita e regras claras. Não há promessa genérica de autonomia total vendida ao consumidor comum. O serviço é apresentado como o que ele é: transporte autônomo em ambientes controlados.
Já a Tesla segue outro caminho. Em 2025, a empresa avançou com testes de robôs-táxi supervisionados, usando o sistema FSD, mas ainda com monitores humanos de segurança a bordo. Na Califórnia, ela não tem autorização para operar um serviço comercial totalmente autônomo. E episódios de fiscalização reforçaram o olhar atento dos reguladores.
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Esse contraste ajuda a explicar o peso da decisão do DMV. À medida que os robôs-táxi deixam de ser promessa e entram na rotina de grandes cidades, cresce também a exigência por clareza. O recado da Califórnia é: autonomia veicular avança, mas marketing não pode correr mais rápido do que a tecnologia.
(Essa matéria também usou informações de The Verge.)
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