Depois de três adiamentos e sete horas de espera, a startup sul-coreana Innospace cancelou, por volta das 20h30 desta sexta-feira (19), a segunda tentativa de lançar o foguete lançador de satélites HANBIT-Nano a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A medida foi tomada por conta de problemas encontras na válvula do tanque de metano do segundo estágio do foguete. A expectativa é que uma terceira tentativa seja realizada ainda dentro da janela de lançamento, que vai até segunda feira (22). No entanto, ainda não há data e horário definido para uma nova tentativa de lançar o foguete.
Em entrevista coletiva no Centro Técnico do CLA, o CEO da Innospace afirmou, Soojong Kim, que decidirá uma nova data com a Força Aérea Brasileira, que conduz em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) a operação Spaceward, como foi batizada missão de lançamento.
“Quero agradecer o povo brasileiro pelo interesse demonstrado nesse lançamento. Todos estavam torcendo para que o HANBIT-Nano fosse ao espaço. Mas por um problema técnico em uma válvula do tanque de armazenamento de metano do segundo estágio”, disse Kim.
“O carregamento do metano tem que ser feito a uma temperatura de menos 160graus célsius. É um procedimento muito delicado e que exige muita tecnologia. No último momento detectamos um problema na válvula de metano. Se fosse um teste no solo poderíamos ter prosseguido. Porém esse é um teste para uma operação para voar e, por questões de segurança, decidimos parar o procedimento e que cancelamos essa tentativa”, explicou o executivo.
“A nossa Janela vai até 22 de dezembro e vamos discutir com a FAB uma nova data e dentro desse período é bem possível que a gente consiga arrumar o problema detectado hoje. Para responder o interesse do povo brasileiro por uma empresa estrangeira da Coreia do Sul vamos tentar o esforço máximo para realizar o lançamento dentro desta janela”, finalizou o CEO da Innospace.
Antes, na quarta—feira (17), um outro problema com o carregamento de oxidante do primeiro estágio do veículo espacial também levou ao cancelamento da primeira tentativa por causa da necessidade de substituição da peça defeituosa, um processo que levou dois dias para ser concluído.
Foguete
O veículo espacial sul-coreano é um foguete de dois estágios, movido por dos métodos diferentes de queima de combustível para gerar a propulsão. O primeiro estágio queima uma mistura de parafina e com oxigênio líquido, enquanto o segundo estágio, queima uma mistura de metano e oxigênio líquido.
O foguete sul-coreano tem cerca de 22 metros de comprimento, o equivalente a um prédio de sete andares, sendo um pouco maior que o VLS-1, um modelo de foguete nacional que chegou a ter três tentativas de lançamento do CLA (1997, 1999 e 2003) todas sem sucesso e que hoje foi descontinuado.
O HANBIT-Nano pesa cerca de 20 toneladas, pode voar a 30 mil quilômetros por hora e atingir cerca de 500 quilômetros de altitude para colocar satélites e microssatélites em órbita. Para a missão Spaceward o veículo espacial da Innospace havia sido carregado com cinco satélites – dois deles desenvolvidos na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – e três experimentos.
A missão espacial de lançamento do HANBIT-Nano – batizada de Spaceward e conduzida pela FAB em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) – é considerada uma das mais importantes dos últimos 20 anos por se tratar do primeiro lançamento comercial realizado em território nacional.
Motivos do cancelamento
Diversos fatores podem influenciar em um lançamento de foguete. Desde aspectos meteorológicos, como vento e chuva, até problemas técnicos como a integração de eletrônicos e de partes mecânicas de um foguete, seja um lançador de satélite ou um foguete de sondagem como os nacionais VS-30 e VSB-30, que decolaram das plataformas do CLA no início do século.
Um bom exemplo foi a decolagem do quinto foguete do modelo VS-30, desenvolvido e lançado Pelo Instituto de Aeronaútica e Espaço (IAE) da FAB em parceria com a Agência Espacial Alemã (DLR) em fevereiro de 2000. Na época, dentro da missão Lençóis Maranhenses, focada em experimentos científicos em microgravidade, foram necessárias 11 tentativas por causa da velocidade alta dos ventos em altitudes a partir de 10 mil metros.
Mais simples que o HANBIT-Nano, ao ser lançado, esse foguete que tem apenas 7,5 metros de altura e pesando 1,5 toneladas, alcançou o apogeu em 145 quilômetros de altitude carregando experimentos de universidades brasileiras e alemãs. Depois o VS-30 evoluiu para outros veículos suborbitais: o VS-30 Orion, de dois estágios e o VSB-30, um foguete de sondagem também de dois estágios, porém capaz de levar maior carga útil a uma altitude maor.
Já no caso do foguete sul-coreano, os problemas encontrados até agora foram em peças ligas a operação dos dois tipos de combustíveis usados no primeiro estágio – parafina e oxigênio líquido – e no segundo estágio – metano e oxigênio líquido . “A Innospace está trabalhando pra sanar essas dificuldades ainda dentro da janela de lançamento que vai até o dia 22”, disse o CEO da Innospace, Soojong Kim.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/sul-coreanos-nao-tem-nova-data-para-tentar-lancar-foguete/
