Na manhã deste sábado (20/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou a 67ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). O evento reuniu os líderes Javier Milei (Argentina), Santiago Peña (Paraguai) e Yamandú Orsi (Uruguai) para formalizar a passagem da presidência pro tempore do Brasil para o Paraguai.
Em um discurso de pouco mais de 10 minutos, Lula equilibrou a prestação de contas dos avanços econômicos do último semestre com fortes posicionamentos geopolíticos. O líder brasileiro expressou otimismo quanto ao futuro do bloco, apesar de frustrações pontuais na agenda externa.
Tensões na Venezuela e soberania regional
Um dos pontos centrais da fala de Lula foi a escalada da crise entre Estados Unidos e Venezuela. O presidente manifestou profunda preocupação com a movimentação de navios e aviões de guerra norte-americanos no Caribe, que realizam um bloqueio naval ao tráfego venezuelano.
Lula comparou a gravidade da situação atual ao período da Guerra das Malvinas, na década de 1980, ressaltando que uma intervenção armada no continente seria uma “catástrofe humanitária” e um precedente perigoso para o direito internacional. Para o presidente, a verdadeira ameaça à região não vem da integração, mas de forças antidemocráticas e do crime organizado.
Acordo Mercosul-União Europeia adiado
O aguardado anúncio da assinatura do tratado comercial com a União Europeia, que criaria um mercado de 700 milhões de consumidores, foi postergado para janeiro de 2026. O adiamento ocorreu a pedido da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que solicitou mais tempo para negociar salvaguardas com o agronegócio italiano.
Mesmo frustrado por não concluir o acordo durante sua presidência, Lula afirmou que o Mercosul segue prospectando parcerias com outros dez blocos e países. “Diversificar parcerias é chave para a resiliência da economia”, pontuou.
Defesa da democracia e segurança pública
Lula também utilizou o palco internacional para reforçar a resiliência das instituições brasileiras após os ataques de 8 de janeiro de 2023, afirmando que o país “acertou as contas com o passado” ao punir os responsáveis.
Ele conectou a estabilidade democrática ao combate ao crime organizado transnacional, propondo uma reunião conjunta entre ministros da Justiça e Segurança Pública dos países do bloco para fortalecer a cooperação policial.
Por fim, o presidente trouxe à tona o tema do feminicídio, citando dados da Cepal que apontam a América Latina como a região mais letal para mulheres no mundo, com média de 11 assassinatos diários. Ele defendeu que a segurança pública deve ser tratada como um pilar de direitos humanos e proteção à vida.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/mercosul-lula-abre-67a-cupula-em-foz-do-iguacu-com-foco-em-democracia-e-crise-regional/
