Você já passou pela experiência assustadora de estar quase adormecendo e, de repente, ouvir alguém chamar seu nome, uma música tocar ou até mesmo uma conversa desconexa, apenas para acordar e perceber que está sozinho no quarto? Fique tranquilo: você não está perdendo a sanidade. Esse fenômeno é surpreendentemente comum e tem uma explicação biológica fascinante.
O que são as alucinações hipnagógicas
Essas experiências auditivas (e às vezes visuais) ocorrem em um momento muito específico: a transição entre a vigília e o sono, conhecida tecnicamente como estado hipnagógico. Durante essa fase, o cérebro começa a se desconectar da realidade externa, mas algumas áreas sensoriais permanecem ativas, criando uma “zona cinzenta” onde a mente pode gerar percepções sem estímulos reais.
Uma linha de pesquisa renomada conduzida pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford trouxe um novo olhar sobre o tema. Os estudos, liderados pelo professor Daniel Freeman, sugerem que “ouvir vozes” não é necessariamente um sintoma de doença mental grave, mas sim uma experiência que existe em um continuum na população geral. A pesquisa indica que a privação de sono e o estresse elevado são gatilhos poderosos que podem fazer com que cérebros perfeitamente saudáveis produzam essas alucinações auditivas temporárias, revelando que a fronteira entre a percepção real e a imaginada é mais tênue do que imaginávamos.
Os sons mais relatados durante esses episódios incluem:
-
🗣️
O chamado nominal
Ouvir claramente alguém dizer seu próprio nome.
-
💬
Fragmentos de conversa
Frases sem sentido ou diálogos aleatórios.
-
📻
Música ou rádio
Melodias que parecem tocar dentro do ambiente.
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💥
Sons de impacto
Batidas, estalos ou o fenômeno da “cabeça explosiva” (um estrondo alto).
Por que o cérebro cria esses sons?
A ciência acredita que isso ocorre devido a uma falha de comunicação temporária no tálamo, a região do cérebro responsável por processar informações sensoriais. Quando estamos acordados, o cérebro filtra ruídos internos e foca no externo. Ao adormecer, esse filtro relaxa. Se houver um “disparo” neural acidental nas áreas auditivas, o cérebro, tentando dar sentido àquele sinal elétrico aleatório, interpreta-o como algo familiar — geralmente uma voz humana ou um som conhecido. É uma espécie de “pareidolia auditiva”, onde a mente busca padrões onde eles não existem.
Fatores que aumentam a frequência
Embora seja um evento natural, certas condições de vida podem transformar uma ocorrência rara em algo frequente. O estilo de vida moderno, marcado pela hiperestimulação, é um prato cheio para as alucinações hipnagógicas. O consumo de substâncias e o estado emocional do indivíduo jogam um papel crucial na intensidade desses episódios.
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Mecanismo de Ação: Mantém o córtex cerebral excessivamente alerta durante o início do sono.
Impacto no Sono: Transição entre vigília e sono torna-se mais turbulenta e instável.
Mecanismo de Ação: Atrasa o desligamento das áreas sensoriais do cérebro.
Impacto no Sono: Maior chance de disparos neurais errôneos durante o adormecer.
Mecanismo de Ação: Acelera a entrada no sono REM como efeito rebote.
Impacto no Sono: Mistura de sonhos com a realidade desperta.
Mecanismo de Ação: Fragmenta a arquitetura natural do sono.
Impacto no Sono: Interrupções frequentes que favorecem alucinações e confusão sensorial.
Quando é hora de procurar ajuda
Para a grande maioria das pessoas, ouvir uma voz antes de dormir é apenas uma curiosidade neurológica inofensiva. No entanto, se essas experiências vierem acompanhadas de paralisia do sono frequente (acordar sem conseguir se mexer), sonolência excessiva durante o dia ou medo intenso, pode ser um sinal de narcolepsia ou outros distúrbios do sono. Nestes casos, a medicina do sono pode oferecer tratamentos eficazes para regular o descanso e silenciar esses ruídos noturnos.
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O post Por que algumas pessoas ‘ouvem vozes’ antes de dormir, segundo a ciência apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/20/ciencia-e-espaco/por-que-algumas-pessoas-ouvem-vozes-antes-de-dormir-segundo-a-ciencia/
