25 de dezembro de 2025
Prefeito e primeira-dama de Turilândia se apresentam à Polícia Civil
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O prefeito de Turilândia, José Paulo Dantas Silva Neto, conhecido como Paulo Curió (União Brasil), e a primeira-dama do município, Eva Maria Oliveira Cutrim Dantas, se apresentaram na manhã desta quarta-feira (24) à Delegacia-Geral da Polícia Civil do Maranhão, em São Luís. Ambos tiveram as prisões preventivas cumpridas e foram encaminhados à Central de Custódia, onde aguardam decisões judiciais.

Além do casal, também se entregaram outros três alvos da Operação Tântalo II: o contador Wandson Jonath Barros, apontado como responsável pela movimentação financeira do esquema investigado; a ex-vice-prefeita Janaína Soares Lima; e o empresário Marlon de Jesus Arouche Serrão, marido de Janaína e ligado ao Posto Turi, empresa que recebeu repasses milionários da prefeitura.

A apresentação ocorreu um dia após a defesa protocolar pedido de revogação das prisões preventivas no plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA). O requerimento foi apresentado na noite de terça-feira (23), durante o recesso forense, e será analisado pelo desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho, responsável pelo plantão de segundo grau até esta quarta-feira (24). A partir do dia 25, o plantão passa a ser conduzido pelo vice-presidente do TJ-MA, desembargador Raimundo Moraes Bogéa.

Os investigados são suspeitos da prática de crimes como organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais. A relatora do caso, desembargadora Graça Amorim, decretou as prisões preventivas, mas não integra a escala do plantão judiciário.

Defesa pede revogação das prisões e retorno ao cargo

No pedido encaminhado ao Judiciário, os advogados solicitam a revogação imediata das prisões preventivas de Paulo Curió e Eva Curió, além do fim do afastamento cautelar do prefeito do cargo. De forma alternativa, requerem a substituição da prisão por medidas cautelares menos gravosas, como prisão domiciliar.

A defesa sustenta que a decisão judicial estaria fundamentada em hipóteses genéricas, sem demonstração concreta de risco à ordem pública ou à instrução do processo. Argumenta ainda que os contratos investigados abrangem o período de 2021 a 2024 e que não haveria indícios de continuidade delitiva.

Outro ponto levantado é o tratamento dado aos vereadores de Turilândia, que também são investigados. Segundo os advogados, apesar de apontados como integrantes do mesmo esquema, os parlamentares tiveram as prisões convertidas em domiciliar com monitoramento eletrônico, mantendo autorização para exercer atividades legislativas.

Em relação ao afastamento de Paulo Curió da prefeitura, a defesa afirma que medidas como bloqueio de bens, suspensão de pagamentos às empresas investigadas e proibição de novas contratações já seriam suficientes para impedir qualquer reiteração de irregularidades. Os advogados alegam ainda que a manutenção do afastamento configura uma interferência indevida no mandato obtido nas urnas, já que o prefeito foi reeleito em 2024.

Argumento da maternidade

No caso de Eva Curió, a defesa destaca sua condição de mãe de três crianças menores de 12 anos. Os advogados citam dispositivos do Código de Processo Penal e decisões do Supremo Tribunal Federal que preveem a substituição da prisão preventiva por domiciliar para mulheres nessa condição, desde que os crimes não envolvam violência ou grave ameaça.

Segundo a defesa, Eva Curió é ré primária, possui bons antecedentes e não há elementos que indiquem risco à investigação ou à ordem pública.

Operação Tântalo II

A Operação Tântalo II foi deflagrada na segunda-feira (22) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Maranhão. A investigação apura a atuação de uma suposta organização criminosa instalada nos poderes Executivo e Legislativo de Turilândia, com prejuízo estimado em R$ 56,3 milhões aos cofres públicos entre 2021 e 2024.

De acordo com o MP, o esquema envolvia a contratação de empresas que emitiam notas fiscais sem a efetiva prestação de serviços, devolvendo a maior parte dos valores aos integrantes do grupo investigado. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos cerca de R$ 2 milhões em dinheiro e determinado o bloqueio de mais de R$ 22 milhões em contas bancárias, além da suspensão de contratos com empresas investigadas.

Em nota, o Ministério Público informou que comunicou formalmente ao TJ-MA o cumprimento dos mandados de prisão preventiva, com a devida documentação, e que acompanha o caso dentro de suas atribuições legais, respeitando o sigilo processual.

Turilândia possui cerca de 31 mil habitantes e apresenta baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com forte dependência de repasses estaduais e federais para manutenção da receita municipal.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/prefeito-e-primeira-dama-de-turilandia-se-apresentam-a-policia-civil-apos-ordens-de-prisao/