Os últimos dias do ano estão sendo marcados por calor intenso em diversas regiões do Brasil. Até a noite desta segunda-feira (29), 1.284 municípios de oito estados permaneciam sob alerta vermelho para onda de calor, conforme aviso emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O fenômeno, iniciado antes do Natal, deve se estender pelo menos até o início da próxima semana.
De acordo com o Inmet, as temperaturas podem ficar até 5 °C acima da média por um período superior a cinco dias, o que caracteriza situação de grande perigo, com risco à vida, possibilidade de danos e aumento de acidentes. Além do alerta vermelho, o órgão também mantém avisos laranja em áreas com previsão de eventos meteorológicos perigosos em até 72 horas.
As regiões mais afetadas incluem grande parte do Sudeste, além de áreas do Sul e do Centro-Oeste. Em São Paulo, a capital registrou 35,9 °C na quinta-feira (25), o dia mais quente de 2024 e recorde para o mês de dezembro. No Rio de Janeiro, os termômetros chegaram a 40,1 °C, a maior temperatura máxima já registrada na cidade.
Segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, o calor extremo é provocado por um bloqueio atmosférico que impede o avanço de frentes frias e outros sistemas meteorológicos. Com isso, o tempo seco e as temperaturas elevadas se mantêm por vários dias consecutivos.
Riscos à saúde
Especialistas alertam que o impacto do calor extremo na saúde costuma ser subestimado. De acordo com o clínico geral Luiz Fernando Penna, coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a exposição prolongada pode levar à falência térmica do organismo.
“Trata-se de uma emergência médica caracterizada por confusão mental, pele quente e seca e temperatura corporal acima de 40 °C”, explica o médico. Diante desses sinais, a orientação é buscar atendimento médico imediato.
Penna destaca que, em situações de calor intenso, o corpo humano trabalha no limite, aumentando a sudorese, acelerando os batimentos cardíacos e dilatando os vasos sanguíneos. “Esses mecanismos têm limite e, quando falham, instala-se a falência térmica”, afirma.
O calor extremo também agrava doenças crônicas como hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (Dpoc) e doença renal crônica. Pessoas que utilizam medicamentos como diuréticos, anti-hipertensivos, antidepressivos, anticolinérgicos e antipsicóticos devem redobrar os cuidados, já que essas substâncias podem interferir na regulação térmica do corpo.
Além dos efeitos físicos, as altas temperaturas prejudicam o sono, aumentam a irritabilidade e reduzem a produtividade, ao afetar a memória e a capacidade de tomada de decisões.
Orientações à população
Diante do cenário, autoridades e profissionais de saúde reforçam recomendações para reduzir os riscos. Entre elas estão aumentar a ingestão de água, evitar bebidas alcoólicas, consumir alimentos leves, usar roupas claras e frescas e priorizar ambientes ventilados.
Também é recomendado evitar a exposição direta ao sol entre 10h e 16h e suspender a prática de exercícios físicos nos horários mais quentes. Trabalhadores que não podem evitar o calor, como profissionais da construção civil, entregadores e coletores de lixo, devem fazer pausas frequentes.
“Não existe adaptação completa para ondas de calor extremas e repetidas. Acima de 35 °C, especialmente com alta umidade, o corpo humano simplesmente não consegue funcionar como deveria”, alerta Penna. A recomendação final é evitar situações de risco e reconhecer precocemente os sinais de falência térmica para prevenir o colapso do organismo.
*Fonte: Agência Brasil/Correio Braziliense
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/brasil-enfrenta-onda-de-calor-extremo-com-alerta-vermelho-em-oito-estados-aponta-inmet/
