28 de dezembro de 2025
Economizar supera passar tempo com a família e se torna
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Economizar dinheiro é a principal meta dos brasileiros para 2026. É o que mostra uma pesquisa do Datafolha que investigou, pela primeira vez, os objetivos da população para o ano seguinte. No levantamento, reportado pela Folha de S. Paulo, 44% dos entrevistados apontaram a intenção de poupar como prioridade, superando metas relacionadas à vida pessoal, à saúde e ao trabalho.

O instituto apresentou aos participantes uma lista com 14 possíveis metas e pediu que cada um escolhesse até três. Além de economizar dinheiro, passaram mais tempo com a família e amigos apareceu em segundo lugar, com 37%. Em seguida vieram melhorar a alimentação ou comer melhor, com 25%, iniciar uma atividade física, também com 25%, e trabalhar por conta própria ou abrir um negócio, com 23%.

Como esta foi a primeira vez que o Datafolha incluiu esse tipo de pergunta, não há base de comparação com anos anteriores. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país, distribuídas em 113 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

Planejamento financeiro ganha espaço

O destaque dado à poupança reflete uma preocupação crescente dos brasileiros com organização financeira e proteção contra imprevistos. Em um contexto de juros elevados e maior custo de vida, guardar dinheiro passa a ser visto não apenas como um objetivo de longo prazo, mas como uma estratégia de segurança.

A assistente de recursos humanos Isabel Ribeiro, de 23 anos, está entre os brasileiros que decidiram priorizar esse planejamento. Desde setembro, ela separa parte da renda por meio das chamadas caixinhas oferecidas por bancos digitais para viabilizar uma viagem ao Japão com amigas, prevista para acontecer daqui a cinco anos. Para 2026, o plano é manter o hábito e poupar cerca de R$ 500 por mês.

“Confesso que investimento não é meu forte, mas eu quero muito que, até o fim do ano [2026], eu tenha R$ 6.000 [guardados]”, afirmou à Folha de S. Paulo.

Instabilidade profissional reforça a necessidade de poupar

A preocupação com imprevistos financeiros também aparece com força entre profissionais autônomos. A artista Bruna Lemberg, de 26 anos, comprou um apartamento na planta em 2025 e pretende manter de quatro a seis parcelas do financiamento adiantadas ao longo de 2026, como forma de reduzir riscos.

“Eu sou artista autônoma, é uma profissão muito instável. Um dia eu estou ganhando muito bem, no outro mês, nem tanto.”

Além de poupar para o imóvel, Lemberg pretende investir na própria formação, com aulas de canto, dança e teatro, e ainda realizar alguma viagem no próximo ano. Para isso, reconhece que precisará organizar melhor os investimentos.

“Eu preciso ver onde vou colocar esse dinheiro, para render o máximo possível e ter uma liquidez boa para mim. Hoje eu deixo nas caixinhas –rende um pouquinho, mas acho que não é suficiente”, diz.

Juros elevados favorecem renda fixa

Especialistas avaliam que o ambiente econômico atual ajuda a explicar o foco maior em poupança. Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank, afirma que 2026 tende a ser “um ano para economizar”, especialmente por causa do patamar elevado da Selic.

Em dezembro, o Copom, do Banco Central, manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, encerrando 2025 no maior nível em quase duas décadas. A decisão foi unânime e adiou o início dos cortes para 2026, ano eleitoral.

A previsão do C6 Bank é que a Selic encerre 2026 em torno de 13%. Mesmo com a expectativa de queda, Frias avalia que o cenário ainda é favorável para a formação de reservas, sobretudo em aplicações de renda fixa.

“Principalmente para o investidor que não tem uma reserva de emergência sólida, é um bom ano para começar a criar esse hábito, investir em uma organização financeira forte e construir caixinhas, começando com a reserva de emergência e depois a de aposentadoria e a de objetivos a longo prazo”, afirma.

Imóveis e diversificação de investimentos

Além de poupar, parte dos brasileiros também mira metas de médio e longo prazo, como a compra da casa própria. Rafael Costa, fundador da Cash Wise Investimentos, avalia que 2026 pode ser um bom momento para financiar um imóvel, mesmo com juros ainda elevados.

Segundo ele, a expectativa de cortes na Selic ao longo do próximo ano tende a aquecer o mercado imobiliário e abrir espaço para preços mais competitivos. “Comprar um imóvel neste momento faz muito sentido, mesmo financiando com juros altos. Depois, quando o juro cair, pode fazer uma portabilidade desse financiamento e diminuir os juros das parcelas”, diz.

Costa ressalta que a diversificação segue sendo fundamental em qualquer cenário. Para ele, uma carteira equilibrada deve reunir renda fixa, renda variável e ativos dolarizados, reduzindo riscos e aumentando as chances de alcançar os objetivos financeiros definidos para 2026.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/economizar-supera-passar-tempo-com-a-familia-e-se-torna-principal-meta-do-brasileiro-para-2026-diz-datafolha/