29 de dezembro de 2025
Ministério Público inicia depoimentos sobre corrupção em Turilândia
Compartilhe:

O Ministério Público do Maranhão deu início, nesta segunda-feira (29), à fase de depoimentos da Operação Tântalo II. As oitivas ocorrem na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e visam esclarecer o esquema de corrupção que teria desviado milhões de reais dos cofres públicos da prefeitura de Turilândia. Segundo o promotor Fernando Berniz, as notificações foram entregues no dia da decisão judicial e os interrogatórios devem se estender ao longo da semana na Procuradoria-Geral de Justiça.

A investigação aponta que o esquema operava por meio de fraudes severas na aquisição de combustíveis. Notas fiscais eram falsificadas para justificar volumes de compra que, teoricamente, permitiriam que a frota municipal circulasse de forma ininterrupta durante todo o ano — cenário que não correspondia à realidade dos serviços prestados.

O MP revela ainda que parte dos valores era retida sob o pretexto de um “suposto imposto”, mas que, na verdade, era utilizada pela ex-vice-prefeita Janaína Soares Lima e seu marido, Marlon de Jesus Arouche Serrão, para o custeio de despesas pessoais.

Intervenção na gestão e sucessão municipal

O desdobramento judicial da operação provocou uma mudança drástica no comando da cidade. O prefeito Paulo Curió e a vice-prefeita Tânia Mendes foram afastados de suas funções por determinação da Justiça. Diante da vacância temporária e seguindo o princípio do paralelismo com as instâncias federal e estadual, o presidente da Câmara Municipal assumiu a chefia do Executivo de forma interina.
Contudo, a gestão apresenta uma particularidade jurídica: o atual prefeito interino e presidente do Legislativo, José Luiz Araújo Diniz, encontra-se em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Embora mantenha o mandato de vereador, Diniz só poderá despachar presencialmente na sede da Prefeitura mediante autorização expressa do Tribunal de Justiça do Maranhão. Até que essa permissão seja concedida, a administração municipal pode ser exercida de sua residência, com saídas restritas apenas para sessões da Câmara previamente designadas.

Monitoramento de riscos

Questionado sobre a segurança da continuidade administrativa sob a gestão de um investigado em prisão domiciliar, o promotor Fernando Berniz esclareceu que o Ministério Público não identifica risco imediato de reiteração das fraudes. Isso se deve ao fato de que os contratos sob suspeita foram suspensos e as empresas ligadas ao grupo político anterior estão impedidas de receber pagamentos por ordem judicial.

O Ministério Público ressaltou, no entanto, que o descumprimento de qualquer medida cautelar por parte do prefeito interino poderá resultar na conversão de sua prisão domiciliar em preventiva, com transferência para uma unidade prisional.

Leia também:

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/ministerio-publico-inicia-depoimentos-sobre-corrupcao-em-turilandia/