Um novo artigo da jornalista Malu Gaspar reacendeu o debate sobre o papel de autoridades no processo que levou à liquidação do Banco Master. No texto publicado nesta segunda-feira (29), a colunista do O Globo sugere que decisões do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), podem favorecer a estratégia de defesa do banqueiro Daniel Vorcaro. Ao mesmo tempo, reformula trechos-chave de versões anteriores, especialmente as que atribuíram ao ministro Alexandre de Moraes uma suposta pressão sobre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Gaspar tem sido criticada por fundamentar suas colunas, em grande parte, em fontes anônimas e relatos de bastidores, sem apresentar documentos que comprovem diretamente as conclusões sugeridas.
Na nova publicação, a jornalista recua da acusação feita em 22 de dezembro, quando afirmou que Moraes teria buscado Galípolo “pelo menos quatro vezes para fazer pressão em favor do Banco Master”. A versão foi negada por ambos. Agora, Gaspar afirma que houve uma reunião em julho de 2025 na qual Moraes pediu “pelo Master”, mas acrescenta que, ao ser informado sobre fraudes identificadas pelo BC, o ministro mudou de posição.
“Ao ser informado de que o BC havia descoberto as fraudes, Moraes recuou e disse que tudo precisava ser investigado”, escreveu.
Apesar disso, a jornalista volta a mencionar o contrato de R$ 130 milhões entre o Master e o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, já citado em reportagens da Folha de S. Paulo.
O foco do novo texto recai sobre a acareação determinada por Dias Toffoli entre Vorcaro, o diretor de fiscalização do BC Ailton de Aquino e o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa. Segundo Gaspar, a medida estaria alinhada à estratégia da defesa do banqueiro de “minar a credibilidade do BC” e tentar reverter a liquidação — inclusive com eventual ressarcimento.
A colunista ainda amplia questionamentos sobre Aquino, apontando que ele teria resistido à liquidação e seria visto “nos bastidores” como alinhado ao Master. Gaspar afirma que Renato Gomes, ex-diretor responsável pela área técnica que identificou fraudes, tinha maior domínio sobre as irregularidades — e era apadrinhado pelo ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.
Apesar das insinuações envolvendo ministros e quadros do Banco Central, o próprio artigo reconhece um ponto central: a liquidação do Master foi aprovada por unanimidade pela diretoria colegiada do BC, incluindo o voto de Galípolo.
“A responsabilidade, portanto, é de toda a cúpula da autarquia”, escreve Gaspar.
Com isso, permanece oficialmente validado que a medida partiu de decisão colegiada e técnica da autoridade monetária. As disputas narrativas sobre bastidores, pressões e articulações seguem baseadas em relatos não documentados, sem comprovação pública de interferência direta no processo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/malu-gaspar-revisa-versao-sobre-moraes-e-acusa-toffoli-de-defender-vorcaro/
