Nesta semana, uma serpente naja do Instituto Butantan desapareceu. A CNN apurou que a cobra era macho, filhote, e reproduzida em cativeiro em São Paulo.
A espécie é comum na África e na Índia, mas foi trazida para o Brasil depois de ter sido revelado um mercado paralelo para a comercialização desse tipo de animal. O valor de venda pode chegar a R$ 50 mil.
Logo que a serpente sumiu, o Instituto Butantan começou um rigoroso trabalho de apuração. Fontes ouvidas pela CNN dizem que preferem esgotar todas as possibilidades na apuração interna, antes de registrar um boletim de ocorrência apontando o sumiço da cobra.
A hipótese de furto foi uma das primeiras aventadas pelos pesquisadores, que acabaram descartando esse cenário e passando a acreditar que a cobra poderia ter fugido e caído em um dos dutos de encanamento.
Sete indícios, no entanto, apontam para o furto da cobra. Eles estão relacionados com o contexto do desaparecimento, as características da cobra e o mercado paralelo criado no Brasil para comercializar animais silvestres do tipo.
O primeiro deles é que a cobra estava numa caixa apropriada para animais desta espécie, assim como tantas outras cobras. Só ela teria supostamente escapado. A cobra foi a única que “fugiu”. As “companheiras de cela” dela não quiseram seguir mesmo caminho.
Esse tipo de cobra tem hábitos noturnos conhecidos dos pesquisadores. Elas se escondem de dia e saem para caçar à noite.
Então, quando falaram da fuga, os pesquisadores disseram que ela seria facilmente encontrada, mas isso não aconteceu. Fizeram a busca física por dias, considerando hábitos da naja, e não acharam nada.
Esta cobra específica era um macho e filhote, não se locomoveria para muito longe, então seria fácil acha no local de onde ela escapou, o que também não aconteceu. Os pesquisadores ainda colocaram armadilhas, como ratoeiras, com comidas para ela, e, mesmo ela precisando se alimentar, não apareceu.
De todas as cobras no laboratório, as najas eram as mais valiosas. Esta cobra específica que fugiu tinha valor estimado em até R$ 50 mil. Ela era tida como a mais bonita das najas, cinza, com uma mancha em formato de olho na nuca.
É importante considerar, inclusive, que há um mercado paralelo para esse tipo de cobra no Brasil.
Anos atrás, em 2021, uma naja foi apreendida em Brasília após ter picado um jovem. O fato despertou as autoridades e o próprio Butantan para o mercado paralelo desse tipo de animais silvestres no Brasil.
Justamente por isso, o Butantan entendeu que seria razoável produzir um soro contra as picadas desse tipo de cobra.
Em nota, o instituto diz que “um filhote de serpente naja foi dada como desaparecida no Laboratório de Herpetologia, há três semanas”. Eles ainda afirmam que “é preciso esclarecer que o Laboratório fica distante do Parque da Ciência e de seus museus.
Não houve fuga do filhote de cobra na área de visitação pública. O laboratório é frequentado apenas por profissionais e pesquisadores”.
A nota ainda acrescenta que o Butantan “possui um plano de contingência para esses casos, que foi acionado e está atuando, inclusive com uma apuração interna em andamento. Câmeras foram checadas e não houve sinal dela fora do laboratório de herpetologia”.
O órgão ainda sugere que “a hipótese mais provável é que ela tenha entrado no ralo interno do laboratório e, daí, nos encanamentos, morrido. De qualquer forma, foram colocadas armadilhas no entorno. Mas nada foi localizado”.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/os-7-indicios-de-que-a-serpente-do-instituto-butantan-foi-furtada/