20 de setembro de 2024
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apelou, nesta quinta-feira (23), ao bilionário Elon Musk para que ele influencie no processo judicial em que é ré por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A ação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), corte na qual Alexandre de Moraes é ministro. O magistrado foi alvo de ataques do empresário, ao dono do X (ex-Twitter), em abril deste ano.

“Elon Musk, por favor, olhe novamente para o Brasil. Você iniciou uma revolução contra o mal no Brasil, mas depois que parou de twittar, todos os processos recomeçaram. Anteontem tive um revés pela segunda vez, por pura perseguição. Parece que estamos vivendo no inferno. Ajude-nos”, escreveu a parlamentar.

A postagem da deputada foi feita em resposta a uma publicação de Musk sobre o terceiro voo teste do Starship, o foguete espacial em desenvolvimento pela SpaceX, outra empresa do bilionário. O dono do X não respondeu até o momento da publicação desta reportagem.

No apelo a Musk, a parlamentar se referia a uma série de postagens feitas pelo bilionário em abril com ataques a Moraes. O empresário acusou o ministro do STF de interferir nas eleições de 2022.

Antes disso, o dono da rede social já havia entrado em rota de colisão com Moraes ao confrontar o magistrado sobre bloqueios de contas no âmbito do inquérito que apura a existência de milícias digitais. Musk afirmou que iria descumprir as decisões judiciais de Moraes e liberar o conteúdo que o ministro mandou bloquear.

Ré no STF

A deputada federal e o hacker Walter Delgatti Neto vão ser julgados pelo STF pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou os dois pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Em janeiro de 2023, o hacker acessou o sistema do CNJ e inseriu dados falsos, como um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes, do STF. No ano passado, Delgatti confessou a invasão, disse que fez a pedido de Zambelli e que teria recebido R$ 40 mil pelos serviços. A deputada nega a acusação.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, votou para receber a denúncia e foi seguido pelos demais ministros do colegiado: Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.

— Não há dúvida aqui que a inicial acusatória expôs, de forma clara e compreensível, todos os requisitos necessários para o pleno exercício do direito de defesa e para o recebimento da denúncia — declarou Moraes.

Moraes afirmou que o fato da investigação incluir um mandado falso contra ele não o impede de ser o relator do caso, já que o crime investigado seria contra o Poder Judiciário, e não especificamente contra ele.

— Um dos textos de mandado de prisão incluído era um mandado de prisão em que eu mesmo ordenava a minha prisão. É importante também salientar: os crimes são contra a instituição Poder Judiciário, não há nenhum crime imputado a mim como vítima, exatamente por isso continuo como relator.

O ministro também ressaltou a confissão de Delgatti e também o fato de, em agosto de 2022, Zambelli ter publicado uma foto com ele afirmando que estava com “o homem que hackeou 200 autoridades”.

— Postou nas redes sociais uma confissão que estava com quem hackeou 200 autoridades. O réu Walter Delgatti confessou a prática do crime e confessou também que houve o pedido da segunda ré, Carla Zambelli.

Um dos elementos citados pela PGR na denúncia foi o fato de ter sido encontrado com Zambelli o arquivo com o mandado falso contra Moraes, antes de ele ser divulgado. O mesmo documento foi gerado uma hora antes no computador de Delgatti, o que indica que foi repassado entre eles.

Com informações do GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/re-por-invasao-ao-sistema-do-cnj-zambelli-pede-ajuda-a-musk-e-reclama-iniciou-uma-revolucao-contra-o-mal-mas-parou-de-twittar/