Jair Bolsonaro (PL) fechou seu apoio à candidatura do irmão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à Prefeitura de Diamantino (182 km de Cuiabá).
Francisco Mendes (União Brasil), que foi prefeito da cidade nos anos de 2001 a 2008, tentará voltar ao cargo nas próximas eleições em aliança com o PL, partido que deve indicar o candidato a vice-prefeito.
A iniciativa de visitar Diamantino, município com apenas 22 mil habitantes, partiu de Bolsonaro. O ex-presidente desembarcou na cidade na tarde desta segunda-feira (8), horas após participar de um ato político na capital mato-grossense.
A aliança foi firmada em um encontro político na casa de Francisco Mendes, em Diamantino, que incluiu uma rápida conversa por telefone entre Bolsonaro e Gilmar Mendes.
Aliados de Bolsonaro afirmam que a visita foi um gesto para aparar arestas com o ministro. Nas últimas semanas, Gilmar fez comentários sobre ações que envolvem o ex-presidente na corte e falou em provas contra Bolsonaro no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
As falas antecedem a abertura de processos na Corte contra Bolsonaro e levantam questionamentos sobre possível prejulgamento e quebra da imparcialidade.
“Se houve alguma aresta entre os dois, acredito que isso [a aliança] representa uma aproximação”, afirma o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que intermediou a conversa entre Bolsonaro e Gilmar ao telefone.
Nas últimas semanas, Fagundes também foi o responsável por articular uma agenda entre Gilmar Mendes e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), absolvido hoje no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná por suposto abuso de poder econômico.
Bolsonaro e Francisco Mendes participaram de um ato conjunto no aeroporto da cidade, onde o ex-presidente foi recebido por apoiadores vestidos de verde e amarelo. Os dois também visitaram o comércio local, onde comeram um pastel.
Bolsonaro esteve na residência de Chico Mendes acompanhado de parlamentares de Mato Grosso, onde conversaram sobre a cidade e a política.
Durante o café, o senador Wellington Fagundes mandou uma mensagem a Gilmar, irmão de Chico, informando da presença de Bolsonaro e de seu apoio na disputa deste ano.
O decano do STF ligou para o senador e pediu para falar com o ex-presidente, com o qual conversou por um minuto. A conversa foi rápida, mas descontraída: Bolsonaro estava sorridente e chegou a reclamar do calor da cidade.
Em conversa com a Folha, Francisco Mendes negou que a aliança represente uma aproximação entre Bolsonaro e Gilmar.
– Não acredito nisso, até porque não tem nada a ver. Eu atuo apenas na política e não no Judiciário. O ex-presidente estava por aqui em agenda política e decidiu me visitar. Apenas isso – disse.
Francisco também afirmou que o pedido de agenda partiu do ex-presidente:
– Foi uma visita tranquila. A assessoria dele me ligou e perguntou se podia passar aqui em casa, e eu aceitei – revelou.
A cidade de Diamantino, que também já foi governada pelo pai e pelo avô de Gilmar, se tornou um reduto bolsonarista nos últimos anos. Em 2022, Bolsonaro obteve no município 62,9% dos votos válidos contra 37,1% de Lula. Em 2000 e em 2004, o irmão do ministro foi eleito, respectivamente, pelo PSB e pelo PPS (atual Cidadania).
Depois do encontro na casa do irmão de Gilmar, Bolsonaro participou de um jantar e pernoitou na fazenda do empresário Reinaldo Moraes, conhecido como o “Rei do Porco”.
O empresário coordenou a campanha do ex-presidente em Mato Grosso em 2022. Dois anos antes, disputou a eleição suplementar ao Senado pelo PSC e terminou em penúltimo lugar.
Na época, ele foi o candidato mais rico na disputa, apresentando um patrimônio de R$ 158,2 milhões.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-fecha-apoio-ao-irmao-de-gilmar-mendes-para-prefeitura-de-diamantino-cidade-de-22-mil-habitantes-no-mato-grosso/