A Agência Espacial Europeia anunciou na última quarta-feira que conseguiu coletar íons negativos no lado oposto da Lua. Os equipamentos responsáveis por isso estavam a bordo do módulo de pouso Chang’e-6 da Agência Espacial Nacional Chinesa.
Para quem tem pressa:
- O instrumento responsável por coletar os íons negativos era uma das cargas úteis do módulo chinês;
- A coleta desses dados é importante para entender a superfície lunar e de outros corpos semelhantes;
- O instrumento precisou passar por várias reinicializações para resfriar e garantir o funcionamento adequado
O módulo de pouso chegou ao lado oposto da Lua no dia Primeiro de junho às 19h23 do horário de Brasília. Antes de decolar novamente, o módulo coletou cerca de 2 quilos de material lunar de até 2 metros de profundidade e entregou cargas úteis que ele carregava.
Entre as cargas úteis levadas para o outro lado da Lua estava o Instrumento Íons Negativos na Superfície Lunar (NILS) da ESA, cujo objetivo é detectar íons negativos na superfície do satélite.
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O íons negativos precisam ser coletados na superfície lunar
Os corpos do Sistema Solar estão sendo constantemente bombardeados por partículas carregadas do Sol. Em planetas como a Terra, o campo magnético nos protege do vento solar, no entanto, na Lua, que só possui uma fina atmosfera, isso não acontece.
Quando o vento colide com a superfície lunar, partículas secundárias são levantadas, as de carga positiva podem ser facilmente observadas por um orbitador lunar, no entanto, as de carga negativa, duram muito pouco e não chegam tão alto. Assim, é necessário que a observação delas se dê da superfície da Lua.
Em comunicado, o investigador principal no NILS, Martin Wieser, apontou que essas observações serão úteis para entender melhor a superfície da Lua. Ao mesmo tempo que servirão como um guia para investigação de íons carregados em outros corpos sem ar do Sistema Solar, como asteroides e luas.
Uma equipe de pesquisadores já está trabalhando para compartilhar as descobertas, que poderão ter inúmeras aplicações para investigações futuras.
Os instrumento precisou ser desligado para resfriamento
O instrumento começou a operar cerca de 280 minutos após o pouso, na Bacia Polo Sul-Aitken e precisou ser desligado devido à baixa tensão, 23 minutos depois. Entre reinicializações e cortes de comunicação, o NILS foi ligado novamente para voltar a coletar mais dados.
Alternamos entre curtos períodos de potência máxima e longos períodos de arrefecimento porque o instrumento aquecia. O fato de se ter mantido nos limites térmicos previstos e de ter conseguido recuperar em condições extremamente quentes é uma prova da qualidade do trabalho realizado pelo Instituto Sueco de Física Espacial.
Neil Melville, responsável técnico da experiência
O instrumento foi desligado no dia 3 de junho, às 11h20 do horário de Brasília.
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