O ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho (União Brasil), foi indiciado em um inquérito que investiga suspeitas de desvio de emendas parlamentares para a pavimentação de ruas em Vitorino Freire, no interior do Maranhão. A cidade é comandada por sua irmã, Luanna Rezende, que chegou a ser afastada do cargo no ano passado, mas retomou a posição. Outro personagem em destaque é o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como “Eduardo DP” ou “Imperador”.
A emenda parlamentar investigada foi indicada por Juscelino quando ele era deputado federal, antes de assumir o cargo de ministro. Os recursos foram enviados por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) do Maranhão. Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que 80% da estrada custeada pela emenda beneficiou propriedades dele e de seus familiares na região.
A obra de pavimentação foi orçada em R$ 7,5 milhões e executada pela construtora Construservice, que tinha como sócio oculto o empresário Eduardo José Barros Costa. O relatório da PF indica que Juscelino fazia parte de uma “organização criminosa” com Eduardo, baseando-se em mensagens analisadas no celular de Eduardo entre 2017 e 2020.
Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire, é irmã de Juscelino Filho. Médica de formação, Luanna é filiada ao União Brasil, tem 36 anos e cumpre seu segundo mandato na prefeitura da cidade. Antes de 2016, nunca havia ocupado um mandato eletivo, mas foi eleita com o apoio de seu irmão, que já era deputado federal.
Eduardo José Barros Costa foi apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como “conhecido agiota” de políticos e empresários do Maranhão. Ele foi acusado de usar documentos falsos e possuir múltiplos registros de CPF e identidade. Em diversas ações judiciais, foi identificado como o verdadeiro proprietário da Construservice, empresa que se tornou a vice-líder em obras da Codevasf sob o governo Bolsonaro. Ele emprestava dinheiro a candidatos durante as eleições e, em troca, recebia contratos de prefeituras, manipulando licitações.
A Construservice cresceu significativamente durante o governo Bolsonaro, recebendo R$ 141,3 milhões até o início de 2023, grande parte proveniente do orçamento secreto. De 2019 a 2021, a receita da empresa aumentou de R$ 32 milhões para R$ 92 milhões, um crescimento de 187%. Em 2020, a Construservice foi uma das empresas que mais receberam valores das emendas parlamentares sem transparência, totalizando R$ 58 milhões em dois anos.
Os dados foram obtidos pelo GLOBO no Portal da Transparência e indicam que a Construservice foi contratada para mais obras de pavimentação em 2022, com pregões que chegam a R$ 400 milhões.
Com informações de O Globo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/juscelino-e-acusado-de-desviar-emendas-parlamentares-para-pavimentar-ruas-na-cidade-em-que-irma-e-prefeita/