Produção brasileira de grãos deve chegar a 297,54 milhões de toneladas; crescimento em 10 anos é de quase 200%.
A produção de grãos no ciclo 2023/2024 está estimada em 297,54 milhões de toneladas, segundo o novo levantamento da Conab, divulgado hoje. O volume é 7% menor do que o obtido na temporada anterior, o que representa menos 22,27 milhões de toneladas a serem colhidas. A quebra é resultado das condições climáticas adversas que influenciaram as principais regiões produtoras do país.
Mesmo assim, será o segundo maior recorde histórico do Brasil, atrás apenas da safra do ano passado. Por exemplo, na comparação com a safra de dois anos atrás, a produção deste ano deve registrar aumento de 9%. Na comparação com 10 ano atrás, o crescimento é de quase 200%!
No Brasil, o ano agrícola é dividido em duas safras principais: a primeira safra, também chamada de safra de verão, e a segunda safra, conhecida como safrinha ou safra de inverno. A primeira safra ocorre entre os meses de setembro e fevereiro, coincidindo com o período de maior disponibilidade de chuvas e temperaturas elevadas. Nesta safra, são plantadas culturas como soja, milho, arroz e feijão, que se beneficiam das condições climáticas favoráveis. Já a segunda safra ocorre entre os meses de março e agosto, aproveitando as áreas de cultivo liberadas pela colheita da primeira safra. Na segunda safra, destacam-se o milho, o feijão e o trigo, além de outras culturas de inverno como o sorgo e a cevada. A escolha das culturas a serem plantadas em cada safra depende das condições climáticas, das características do solo e das estratégias de rotação de culturas adotadas pelos produtores.
Na contramão da primeira safra, que teve alguns problemas derivados do clima, os cultivos de segunda safra, que tiveram a colheita iniciada, têm apresentado melhores produtividades e, ao se comparar a estimativa divulgada nesta quinta-feira (13) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com a publicada no mês de maio, é verificado um aumento de 2,1 milhões de toneladas, com destaque para milho, algodão em pluma e feijão.
Para o arroz, outro importante produto para o mercado interno, é esperada uma produção de 10,395 milhões de toneladas. De maneira geral, houve aumento na área plantada em comparação ao total semeado na temporada anterior, algo motivado à época da semeadura pela expectativa de bons preços praticados no mercado do cereal.
Porém, o rendimento médio do arroz deverá ficar comprometido por conta dos danos às lavouras sul-rio-grandenses. A Conab estima que a safra brasileira 2023/24 de arroz será 3,6% maior que a safra 2022/23, sendo projetada em 10,4 milhões de toneladas. Este resultado é reflexo principalmente da estimativa de significativa expansão de área em meio à recuperação da rentabilidade projetada para o setor.
Todavia, cabe pontuar que os recentes extremos eventos climáticos no Rio Grande do Sul refletiram em perda de produtividades das lavouras do arroz. Sobre o quadro de oferta e demanda do arroz, neste nono levantamento, estima-se uma expansão do consumo nacional para 11 milhões de toneladas na safra 2023/24.
Esta revisão foi realizada com base no provável cenário de políticas públicas de incentivo à ampliação de consumo de arroz ao longo de 2024, além da significativa expansão do auxílio médio e do número de beneficiários do Programa Bolsa Família.
Mais especificamente sobre a balança comercial do arroz, as exportações, na safra 2021/22, apresentaram um significativo volume comercializado e encerraram o ano de 2022 com 2,1 milhões de toneladas vendidas, em razão da boa competitividade do grão no mercado internacional e quebra da safra norte-americana.
Na safra 2022/23, em meio a um cenário de menor disponibilidade do arroz e de maiores preços internos, notou-se uma retração do volume comercializado com o mercado externo para 1,8 milhão de toneladas, sendo este valor próximo da média comercializada ao longo dos últimos anos, com exceção da safra 2020/21, que apresentou movimentação atípica.
Para a safra 2023/24, com a alta probabilidade de que os preços internos operem acima das paridades de exportação e com a recomposição produtiva norte-americana, a projeção é de redução dos volumes exportados de arroz para 1,2 milhão de toneladas pelo Brasil.
Sobre as importações, o país importou 1,5 milhão de toneladas de arroz em 2023 e, para 2024, projeta-se uma expansão do volume importado para 2,2 milhões, em razão ainda da necessidade de recomposição da oferta nacional. Com isso, em meio aos números apresentados, a projeção é que o estoque de passagem de arroz apresente incremento ao longo de 2024, com um volume estimado de 2,2 milhões de toneladas ao final do ano em curso.
Com a colheita finalizada, a soja tem uma produção estimada em 147,35 milhões de toneladas, redução de 4,7% ou 7,26 milhões de toneladas sobre a safra anterior. No atual ciclo, a área semeada para a oleaginosa foi maior, no entanto as condições climáticas adversas impactaram negativamente a produtividade média no país.
Feijão – Importante para o consumo dos brasileiros, o feijão deverá registrar um incremento de 9,7% na produção total na temporada 2023/2024, ultrapassando as 3,3 milhões de toneladas. Apenas na segunda safra da leguminosa, a estatal prevê uma alta de 26,3% no volume a ser colhido, impulsionado pelo cultivo do feijão preto e do caupi, que devem registrar uma colheita de 589,4 mil toneladas e 462,8 mil toneladas respectivamente. Para o feijão preto, a alta é influenciada pela melhora de 8,5% na produtividade e, principalmente, pela maior área destinada para o cultivo da cultura, com alta de 63,5% chegando a 331 mil hectares. Já para o caupi o cenário é oposto. Enquanto a área cresce 4,9%, o desempenho das lavouras registra uma melhora de 20,6%. Na terceira safra da leguminosa, cerca de 60% da área é irrigada e o plantio está em andamento.
Principal cultura da 2ª safra, o milho tem uma estimativa de produção de 88,12 milhões de toneladas. A colheita do produto neste ciclo atinge cerca de 7,5% da área semeada, conforme indica o Progresso de Safra divulgado nesta semana pela Companhia. De acordo com o 9º Levantamento, há disparidade das condições climáticas registradas pelo país, mas foi verificado em importantes estados produtores uma melhora na produtividade das lavouras. Enquanto que em Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte do Paraná, a redução e/ou falta de chuvas durante longos períodos no ciclo do milho 2ª safra provocaram quedas no potencial produtivo, em Mato Grosso, Pará, Tocantins e parte de Goiás, as precipitações bem distribuídas ao longo do desenvolvimento da cultura e a tecnologia usada pelo produtor têm resultado em boas produtividades nos talhões colhidos e boas perspectivas nas áreas ainda em maturação. Com isso, a estimativa para a produção total do grão está em 114,14 milhões de toneladas.
O clima também tem favorecido o algodão, cujas lavouras se encontram predominantemente nos estágios de formação de maçãs e maturação. Nesta temporada, a área semeada está estimada em 1,94 milhão de hectares, crescimento de 16,9%, o que influencia na expectativa de incremento de 15,2% na produção da pluma, podendo chegar a 3,66 milhões de toneladas.
Culturas de inverno – A semeadura já teve início, e para o trigo, principal produto cultivado, o plantio atinge 46,8% da área. No Paraná, o plantio teve início em abril, no entanto, no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do cereal de inverno, os trabalhos nesta safra estão prejudicados pelas condições climáticas que ainda não são favoráveis devido ao excesso de umidade que impossibilita o manejo das áreas a serem semeadas.
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/06/13/producao-brasileira-de-graos-sera-a-segunda-maior-da-historia/