21 de setembro de 2024
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A produção brasileira deste arroz, com chuva e tudo, deve crescer quase 4% este ano, e chegar a 10,4 milhões de toneladas, informou hoje a Conab em seu novo levantamento da safra brasileira de grãos.

Este volume é muito próximo do consumo total no país, que é de 11 milhões de toneladas. O que falta é historicamente complementado por importações do produto, que devem chegar este ano, ainda segundo a Conab, a 2,2 milhões de toneladas, fazendo com que a oferta total do produto chegue a 14,38 milhões de toneladas, ajudando a manter estáveis os estoques de arroz no país.

A decisão do governo de recompor os estoques da Conab, porém, foi acertada, porque a destruição de infra-estrutura logística no Rio Grande do Sul pode causar problemas na entrega desse produto. Ademais, como se pode ver pelos números, a decisão do governo de adquirir, para a Conab, uma quantidade de 237 mil toneladas, é um gota d’água diante da magnitude da oferta e demanda de arroz no Brasil.  Lembre que o Brasil tem estoques de arroz, só que é inteiramente privado. O que o governo Lula fez, nas últimas semanas, foi iniciar a recomposição dos estoques públicos da Conab, que são chamados de “estratégicos” porque seu objetivo principal é garantir a estabilidade dos preços finais do produto para o consumidor.

As chuvas no Rio Grande do Sul prejudicaram alguns produtores de arroz, mas as regiões do estado mais afetadas não foram aquelas com as maiores lavoura. Além disso, a colheita já havia sido praticamente concluída quando ocorreu o evento climático. Segundo a Conab, a quebra de safra causada pelas chuvas no Sul foi de 387,7 mil toneladas, que é a diferenca entre a estimativa de produção feita imediatamente antes das chuvas, e a estimativa divulgada hoje. É uma quebra, porém, em relação à expectativa de produção. O RS previa produzir 7,47 milhões de toneladas este ano, mas deve produzir 7,08 milhões de toneladas. Em relação à safra anterior, de 2022/23, quando foram colhidas 6,93 milhões de toneladas, houve um aumento na produção, embora modesto.

Oferta e demanda (análise da Conab):

A Conab estima que a safra brasileira 2023/24 de arroz será 3,6% maior que a safra 2022/23, projetada em 10,4 milhões de toneladas. Esse resultado se deve principalmente à estimativa de significativa expansão de área, em meio à recuperação da rentabilidade projetada para o setor. Contudo, cabe destacar que os recentes eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul causaram perda de produtividade nas lavouras do grão.

Sobre o quadro de oferta e demanda do arroz, neste nono levantamento, estima-se uma expansão do consumo nacional para 11 milhões de toneladas na safra 2023/24. Esta revisão foi baseada no provável cenário de políticas públicas de incentivo à ampliação do consumo de arroz ao longo de 2024, além da significativa expansão do auxílio médio e do número de beneficiários do Programa Bolsa Família.

Mais especificamente sobre a balança comercial, as exportações na safra 2021/22 apresentaram um significativo volume comercializado, encerrando o ano de 2022 com 2,1 milhões de toneladas vendidas, devido à boa competitividade do grão no mercado internacional e à quebra da safra norte-americana. Na safra 2022/23, em um cenário de menor disponibilidade do grão e de maiores preços internos, houve uma retração do volume comercializado com o mercado externo para 1,8 milhão de toneladas, valor próximo da média comercializada nos últimos anos, exceto na safra 2020/21, que apresentou movimentação atípica. Para a safra 2023/24, com a alta probabilidade de que os preços internos operem acima das paridades de exportação e com a recomposição produtiva norte-americana, a projeção é de redução dos volumes exportados para 1,2 milhão de toneladas pelo Brasil.

Sobre as importações, o país importou 1,5 milhão de toneladas em 2023 e, para 2024, projeta-se uma expansão do volume importado para 2,2 milhões, ainda devido à necessidade de recomposição da oferta nacional. Com isso, em meio aos números apresentados, a projeção é que o estoque de passagem apresente incremento ao longo de 2024, com um volume estimado de 2,2 milhões de toneladas ao final do ano.

Balança comercial do arrozA balança comercial de arroz no Brasil tem ficado ligeiramente positiva nos últimos anos. O Brasil importa arroz, mas também exporta, e ao final a balança fica mais ou menos equilibrada. Quer dizer, pelo gráfico, pode-se notar que a balança brasileira de arroz começou a se estabilizar a partir do 2011.

O gráfico abaixo mostra a série histórica dos estoques públicos de arroz em armazéns da Conab. Observe que os primeiros governos petistas retomaram o uso de estoques públicos, que fora descontinuado nas administrações do PSDB na década de 90. Essa estratégia, todavia, foi novamente interrompida após o golpe de 2016 e a chegada de Michel Temer e Bolsonaro ao poder.

Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/06/13/exclusivo-conab-preve-aumento-na-producao-brasileira-de-arroz-para-este-ano/