26 de novembro de 2024
Pesquisadores “recriam” moinho de água romano
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A descoberta de construções da era romana é sempre fascinante. No entanto, os pesquisadores costumam encontrar dificuldades para obter informações sobre aquele período da história apenas analisando as ruínas que sobreviveram aos séculos. Foi por isso que uma equipe da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, na Alemanha, recorreu a depósitos de carbonato de cálcio.

Sistema complexo foi criado pelos romanos

  • Antigos moinhos de água romanos foram localizados em Barbegal, no sul da França.
  • A construção data do século II d.C. e conta com 16 estruturas em fileiras paralelas, oito de cada lado.
  • A única certeza dos pesquisadores é que todo o sistema era abastecido por aqueduto que levava água das colinas circundantes.
  • Uma moeda da época do imperador Trajano descoberta próxima aos moinhos ainda indica que o complexo sistema ficou em operação por cerca de 100 anos.
  • No entanto, muitos mistérios sobre a construção persistiam.
Representação do antigo moinho de água romano (Imagem: Cees Passchier/Universidade Johannes Gutenberg de Mainz)

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Análise de depósitos de carbonato de cálcio revelaram segredos da época

Para esclarecer a história do complexo de moinhos romanos, pesquisadores analisaram depósitos de carbonato de cálcio presentes na região. Eles se formaram nas laterais e na base do sistema de abastecimento de madeira que transportava a água para as rodas.

A equipe precisou encaixar algumas das 140 peças recuperadas como um quebra-cabeça. Depois, analisou as camadas usando várias técnicas, incluindo espectrometria de massa.

O estudo, publicado na revista Geoarchaeology, aponta que as rodas de madeira e canais de água tiveram que ser substituídos depois de três e oito anos. Em pelo menos um desses casos, a estrutura foi trocada por uma maior.

Um dos fragmentos analisados pelos pesquisadores (Imagem: Cees Passchier/Universidade Johannes Gutenberg de Mainz)

A conclusão foi possível em função da análise da forma dos depósitos. Enquanto as camadas inferiores indicam que os níveis de água devem ter sido relativamente baixos, as camadas de carbonato superior evidenciam um nível de água mais alto.

A equipe ainda identificou que as camadas dos três canais de água analisados são claramente diferentes entre si. Isso significa que elas estavam em operação separadamente. Além disso, o lado oeste do complexo foi abandonado antes do lado leste.

A camada carbonática mais alta e, portanto, mais jovem contém conchas de moluscos e fragmentos de madeira, mostrando que o moinho já deve ter sido abandonado e estava se desintegrando. A água continuou a fluir por um tempo, de modo que depósitos de carbonato também continuaram a se formar, mas a manutenção dos canais de água cessou.

Cees W. Passchier, professor da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/07/03/ciencia-e-espaco/pesquisadores-recriam-moinho-de-agua-romano/