21 de setembro de 2024
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A Polícia Federal planeja concluir o inquérito sobre a trama golpista até agosto. A expectativa inicial era fechá-lo até julho, mas novas descobertas feitas na investigação da chamada “Abin paralela” levaram a PF a adiar o prazo. Outro inquérito que deve ser encerrado até o fim de 2024 é o das fake news, que tramita há mais de cinco anos no Supremo Tribunal Federal.

Relator dos três casos na Corte, o ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou na última semana o compartilhamento das provas do inquérito sobre o suposto esquema de espionagem ilegal com o da trama golpista e das fake news.

Conforme o relatório da PF, há uma tese central que conecta as três apurações – o governo Bolsonaro teria se utilizado da máquina do Estado, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à Receita Federal, para obter “vantagens indevidas de ordem política e econômica”.

No caso da “Abin paralela”, foram identificadas conversas entre dois servidores cedidos à Abin falando sobre uma eventual intervenção das Forças Armadas logo após o segundo turno das eleições de 2022. Segundo a PF, eles corroboraram a “premissa investigativa fazendo referência à possibilidade de invocação do art. 142 como referência ao golpe de Estado”.

“Dizem que ele [Bolsonaro] vai amanhã… de repente invoca de lá”, comenta um policial federal que atuou na Abin.

No entendimento da PF, as falas relacionadas ao “rompimento democrático” são “relevantes” e indicam “no mínimo potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção”.

Em outro diálogo, eles se queixam da falta de ação do ex-presidente Jair Bolsonaro diante da derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”, pergunta um deles, ao que o outro responde: “Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa”.

Esses diálogos devem ser incluídos no inquérito que apura se Bolsonaro tratou de um plano para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e impedir a posse de Lula. Uma minuta do golpe teria sido apresentada aos chefes das Forças Armadas em reuniões nos Palácios do Planalto e da Alvorada, no fim de 2022, mas os comandantes do Exército e da Aeronáutica se recusaram a colocar o plano em ação.

Outro inquérito que ganhou novos elementos a partir do caso da Abin é o das fake news, que foi instaurado pelo ministro do STF Dias Toffoli em março de 2019. A apuração inicial – designada por Toffoli a Moraes – tratava de notícias fraudulentas e ameaças que miravam os ministros do Supremo e seus familiares.

Conforme o relatório da PF, a estrutura montada na Abin municiava influenciadores digitais a disseminar fake news para “descredibilizar” o sistema eleitoral e produzir dossiês contra adversários do governo Bolsonaro, entre eles ministros do Supremo, parlamentares e jornalistas.

Os investigares identificaram mensagens em que servidores cedidos à Abin falam sobre “alimentar” pessoas consideradas “malucas” que postam nas redes sociais tudo que eles passam. Os agentes conversavam com esses ativistas digitais por meio de perfis falsos.

“Segue o perfil do maluco que eu estou alimentando… mas usa uma conta fake, não segue com a sua não… tudo que eu estou passando ele publica… acabou de publicar mais uma”, diz um dos servidores.

A PF ainda identificou que a disseminação de notícias falsas envolvia um servidor da Secretaria de Comunicação do Planalto. “A difusão de desinformação a partir de vetores de propagação cooptados por servidores públicos cedidos à Abin é estratagema para dificultar a vinculação da produção ilícita”, anotou o relatório.

Com informações do GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/mais-inqueritos-contra-bolsonaro-devem-ser-concluidos-pela-pf-o-da-trama-golpista-em-agosto-e-o-das-fake-news-ate-o-fim-do-ano/