Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) realizaram estudo analisando amostras de farinha e arroz armazenadas em residências. A pesquisa, apoiada pela FAPESP e publicado na Food Research International, revelou altos níveis de toxinas fúngicas, também conhecidas como micotoxinas.
Foram identificados seis micotoxinas preocupantes nas amostras de alimentos examinadas pelos pesquisadores. Os cientistas descobriram a presença de aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, toxina T-2, desoxinivalenol e ocratoxina A.
Em alguns casos, o nível de fumonisinas, zearalenona e micotoxinas desoxinivalenol excedeu o limite de tolerância, conhecido como níveis máximos permitidos (MPLs), estabelecido pelas autoridades sanitárias. Dos 213 alimentos analisados, os pesquisadores detectaram diversas combinações de duas a quatro micotoxinas em 70 alimentos, quase um terço (32,86%) das amostras.
“A regulamentação sobre a presença de micotoxinas precisa ser mais rígida”, afirma o professor Carlos Oliveira, do Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.
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A Anvisa atualizou as regulamentações relativas às micotoxinas em produtos alimentícios, incluindo alimentos infantis, em julho de 2022. “O MPL deve ser rigorosamente seguido pelos produtores de alimentos, processadores de alimentos e participantes relacionados na cadeia alimentar”, acrescentou Oliveira.
Micotoxinas nos alimentos é problema de saúde pública
- Os pesquisadores descobriram que as estimativas de ingestão diária (EDI) de desoxinivalenol em produtos de trigo e arroz excederam a ingestão diária aceitável (TDI) e foram particularmente significativas para crianças em idade pré-escolar, escolares e adolescentes;
- Crianças em idade pré-escolar e adolescentes foram expostas ao desoxinivalenol por meio de produtos de trigo, enquanto crianças em idade escolar foram expostas à micotoxina via produtos de trigo e arroz;
- As descobertas sugerem que os alimentos à base de trigo e arroz podem representar risco às crianças, indicando a importância da implementação de medidas rigorosas para prevenir a contaminação por desoxinivalenol nestes produtos.
“Nos preocupamos com crianças e adolescentes, que tendem a ser mais sensíveis às toxinas em geral”, acrescentou Oliveira. O risco de implicações para a saúde sublinha a importância de armazenar grãos e farinha em áreas secas e protegê-los de insetos para evitar a contaminação.
Como os pesquisadores coletaram as amostras de farinha e arroz nas residências dos participantes, Oliveira disse que é possível que parte da contaminação por micotoxinas das amostras tenha se originado durante o armazenamento doméstico.
Por exemplo, a contaminação pode ter vindo de alimentos embalados que foram parcialmente consumidos, mas permaneceram abertos por longos períodos.
A equipe de pesquisa está atualmente realizando trabalhos adicionais para avaliar a extensão da contaminação.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/07/18/ciencia-e-espaco/come-arroz-e-farinha-tome-cuidado-entenda-motivo/