21 de setembro de 2024
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu esperar o retorno ao Brasil do assessor especial, Celso Amorim, para comentar publicamente as eleições na Venezuela. Lula expressou a pessoas próximas que deseja conversar pessoalmente com Amorim antes de dar sua opinião sobre o processo eleitoral venezuelano.

Amorim foi enviado por Lula a Caracas para acompanhar o pleito. Na manhã de segunda-feira, ele afirmou que a falta de transparência “incomoda” e que aguardava os “dados necessários” para se pronunciar sobre o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontou a vitória de Nicolás Maduro. Amorim deve permanecer na Venezuela até terça-feira, realizando conversas sobre as eleições. Ele conversou com o presidente Lula na noite de domingo e novamente na manhã de segunda-feira.

No Palácio do Planalto, auxiliares afirmam, reservadamente, que o tema é sensível, requer cautela e que qualquer posicionamento mal calculado poderá ser usado pela oposição como munição contra o governo. Outra preocupação é que um deslize sobre o assunto pode impactar negativamente a popularidade de Lula, num momento em que as últimas pesquisas Genial/Quaest e Ipec mostram o primeiro aumento na popularidade do presidente em 2024.

Pessoas que conversaram com Lula nos últimos dias avaliam que a crítica de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro na última semana facilitará para o governo brasileiro adotar uma posição mais firme, exigindo transparência na votação no país vizinho.

Em nota, o Itamaraty afirmou que o pleito ocorreu de forma “pacífica” no território venezuelano, mas que “acompanha com atenção” a apuração dos votos. O órgão brasileiro disse que irá aguardar a publicação pelo CNE de “dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Esta postura está alinhada com a de outras lideranças internacionais, que exigiram transparência e não reconheceram imediatamente a reeleição de Maduro.

O resultado anunciado pelo CNE na madrugada de segunda-feira (29), com 80% das urnas apuradas, indicou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, com mais de 5,1 milhões de votos (cerca de 51,2%) contra 4,4 milhões (44,2%) obtidos pelo candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. No entanto, a oposição denuncia não ter tido acesso a 100% das atas de votação e contesta o resultado final, alegando que González Urrutia é o verdadeiro vencedor.

Representantes dos EUA e de países da América e da Europa exigiram a divulgação de todas as atas de votação e a demonstração detalhada dos votos registrados pelos eleitores no domingo.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-vai-esperar-retorno-de-celso-amorim-para-se-pronunciar-publicamente-sobre-as-eleicoes-venezuelanas/