25 de novembro de 2024
Agentes que integraram a ‘Abin paralela’ trabalharam clandestinamente na campanha
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A Polícia Federal (PF) suspeita que policiais federais que integraram a “Abin paralela” atuaram de forma clandestina na campanha de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, a deputado federal em 2022. A hipótese foi exposta pela PF durante o depoimento do parlamentar, realizado há duas semanas na investigação sobre uma suposta estrutura paralela mantida dentro do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro.

Os nomes de dois agentes próximos a Ramagem aparecem em uma planilha que, segundo a PF, apresenta gastos de campanha. O documento foi apreendido com o parlamentar. Procurado por meio de seu advogado, Ramagem não retornou. Em depoimento, ele negou irregularidades.

Ramagem, que atualmente é candidato à Prefeitura do Rio, levou integrantes da Polícia Federal para trabalhar na agência de inteligência durante sua gestão, entre 2019 e 2022. Parte deles também é alvo da investigação sobre a suposta “Abin paralela”.

Um deles é o agente Henrique Cesar Prado Zordan. Em julho de 2022, após passar pela Abin, ele recebeu uma licença-capacitação, prevista para terminar até o fim de setembro. A PF suspeita, no entanto, que durante este período ele tenha atuado na campanha de Ramagem.

‘Interesse eleitoral’

Um dos elementos apontados é que foram encontradas conversas nas quais ele solicita a um policial federal aposentado para realizar “pesquisas” que seriam do “interesse eleitoral” do candidato. Zordan perguntava, por exemplo, sobre outros candidatos do Rio de Janeiro com discursos voltados à segurança, ou seja, potenciais adversários do parlamentar.

Ele também tinha as senhas da conta de Ramagem no Facebook. No seu depoimento, Ramagem afirmou que Zordan o ajudou a “criar ou resgatar senhas do Facebook e até do TikTok”, mas disse que ele próprio cuidava de suas redes. O deputado federal também disse que o agente o visitou durante a campanha, mas não participou de atos eleitorais.

A PF também analisou a planilha de gastos apreendida com Ramagem. Segundo a corporação, na aba referente ao mês de agosto “constam os pagamentos efetuados aos policiais federais durante o período que estes estavam afastados de suas respectivas funções”. Além de Zordan, outro nome que aparece é o de Felipe Arlotta, agente da PF que também atuou na agência e é investigado no caso da “Abin paralela”. Arlotta e Zordan foram procurados diretamente e via PF e não se manifestaram.

Em seu depoimento, Ramagem afirmou que “não houve utilização de policiais federais para obtenção de vantagens de natureza eleitoral” e que “não se recorda de qualquer gasto eleitoral com qualquer policial federal”. Na prestação de contas apresentada pelo candidato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022 não há registros de pagamento para nenhum dos dois policiais citados pela PF.

Procurada para comentar as regras da licença-capacitação, a Polícia Federal respondeu que o servidor “continua recebendo remuneração, e deve utilizar o período de afastamento para realizar as atividades relativas à sua capacitação, não podendo exercer qualquer outra atividade remunerada”. De acordo com a corporação, “eventuais transgressões ocorridas no decorrer do período de afastamento serão apuradas em processo disciplinar”.

Além da suspeita sobre a campanha, Arlotta e Zordan foram apontados como integrantes de um dos quatro núcleos da suposta organização criminosa que atuaria na Abin. Eles fariam parte do grupo de “subordinados”, responsável por cumprir as determinações do comando do órgão, monitorando os alvos e produzindo relatórios.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/agentes-que-integraram-a-abin-paralela-trabalharam-clandestinamente-na-campanha-de-ramagem-em-2022-suspeita-pf/