21 de setembro de 2024
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O autor do e-mail enviado à deputada federal Talíria Petrone (Psol), contendo graves ameaças e ataques racistas, também mencionou um “plano B”. Ele afirmou que, se não conseguisse atingir seu objetivo inicial de “meter uma bala na cara” da parlamentar e “matar qualquer um que estiver junto”, iria invadir o primeiro debate entre os pré-candidatos à prefeitura da cidade — Talíria, Rodrigo Neves (PDT) e Carlos Jordy (PL) — armado, para tirar a vida dos três. Em seguida, ele disse que “explodiria o local com uma bomba, para realizar um massacre”.

Parte do conteúdo da mensagem foi revelada na última segunda-feira (29) após a equipe da parlamentar acessar o texto, que estava na caixa de e-mail desde 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. O Globo-Niterói teve acesso completo ao boletim de ocorrência registrado pela parlamentar na Polícia Federal, no Rio de Janeiro. A PF afirmou não fornecer detalhes sobre o caso para não prejudicar as investigações.

Outro detalhe importante é o nome que aparece na assinatura do e-mail, “Ricardo Wagner Arouxa 666”. Em 2020, ameaças dirigidas à vereadora de Niterói Benny Briolly e à deputada federal Duda Salabert (PDT-Minas Gerais) continham o mesmo nome.

Talíria, que recebeu mensagens de solidariedade de Rodrigo Neves e de Bruno Lessa (Podemos), concorrentes ao cargo de prefeito, afirmou que “o atraso não terá espaço durante o processo eleitoral na cidade”. Ela acredita que o nome do criminoso é um pseudônimo usado por grupos extremistas que se articulam na deep web.

— É um absurdo ter que parar a nossa preparação por causa de uma situação como essa. Não aceito o lugar de vítima que esses grupos querem dar a mim. Quero discutir os rumos da educação, do orçamento público e da saúde em nossa cidade. Isso não vai minar nossa força política. Nossas candidaturas do campo democrático, guardadas as divergências que constituem a boa política, sem a menor dúvida apresentarão o bom debate para melhorar nossa amada Niterói — afirmou Talíria.

Rodrigo Neves declarou que não há espaço para fascistas e grupos de extrema-direita em Niterói e que nada pode atrapalhar o processo democrático que será decidido pela vontade da população nas urnas. Ele lembrou das ameaças que sofreu durante as eleições de 2022, quando concorreu ao cargo de governador.

— As polícias (Civil e Federal) têm condições de rastrear de onde partiu o e-mail e identificar esses criminosos. Em Niterói, os milicianos não se criam, não há um território sequer dominado por eles, e nem a extrema-direita. São tempos difíceis para a democracia, onde tentam o tempo inteiro produzir esse tipo de situação. Aqui, as urnas vão prevalecer e não a violência. Este é um valor inegociável — destacou Neves.

O deputado federal Carlos Jordy afirmou ser inacreditável que algum tipo de ameaça como essa aconteça.

— Tenho família e me preocupo com a integridade da minha esposa e filha. Espero que as autoridades investiguem e punam os responsáveis por essa bizarrice. Quem poderia ser contra a eleição de candidatos à prefeitura que disputam contra um grupo que quer se perpetuar no poder? Isso é prova de que a segurança em nossa cidade vem se degradando durante os últimos 12 anos, chegando ao ponto de ameaçar o processo eleitoral. Esses grupos não possuem qualquer ideologia a não ser o próprio ego impetuoso pelo poder — apontou Jordy.

A semana em Niterói também foi movimentada após o engenheiro João Gomes, pré-candidato a prefeito pelo Novo, desistir de disputar as eleições na cidade. O quiproquó que culminou nesta decisão envolveu uma troca de acusações entre os filiados da sigla e um assessor parlamentar de Jordy, que também é do Novo.

Mesmo afirmando que a sigla iria seguir até outubro sem apresentar uma nova cabeça para a chapa e descartando qualquer eventual aliança, o partido foi cortejado por Bruno Lessa e pelo deputado bolsonarista. Apesar do diálogo com as partes, a presidente do Novo, Andrea Carvalho, afastou qualquer possibilidade de apoio oficial, pelo menos até o fim do primeiro turno.

— Não sendo a Talíria, qualquer um que vá para o segundo turno contra o Rodrigo Neves terá o meu apoio. Fomos sondados para coligações, mas decidimos seguir sozinhos. Preferimos manter a nossa coerência e seguir em frente, mesmo diante das dificuldades, com pouco dinheiro, como sempre. Temos 14 candidatos a vereador — disse Carvalho.

Jordy antecipou-se ao apontar o alinhamento político entre as siglas e destacou que os postulantes a vereança estariam “muito inclinados a nos apoiar”.

— Estamos conversando com o partido Novo. Os candidatos do partido sabem que o nosso projeto é o único com condições reais de vencer o projeto de poder corrupto de Rodrigo Neves, além de defendermos realmente os princípios e valores que regem o partido. É inconcebível o partido apoiar qualquer outra candidatura em Niterói que não seja a nossa — cravou Jordy. Durante as últimas eleições na cidade, o Novo obteve mais de 15 mil votos.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/plano-b-da-mensagem-ameacando-taliria-petrone-previa-ataque-a-primeiro-debate-entre-ela-rodrigo-neves-e-carlos-jordy-para-matar-os-tres/