21 de setembro de 2024
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), oficializou neste sábado (3) sua candidatura à reeleição, em evento que contou com a presença dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Além do controle da máquina pública, Nunes terá a seu favor uma coligação que deve agrupar 12 partidos: além de sua própria sigla, estão com ele PL (partido do candidato a vice, coronel Mello Araújo), PSD, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza, Avante e União Brasil — este último oficializará a aliança em evento nesta tarde.

Na convenção do MDB, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Nunes fez homenagens ao ex-prefeito Bruno Covas e disse que seu governo dará “continuidade ao legado” do ex-tucano, que morreu em 2021.

O candidato à reeleição chegou a derramar lágrimas ao se referir a Covas, mas rapidamente se recuperou para desferir ataques ao candidato do Psol, deputado federal Guilherme Boulos. As alfinetadas ao nome apoiado pelo presidente Lula (PT) foram recorrentes durante o evento.

— Vamos encarar o desafio de não deixar os que invadem, os que depredam, que apoiam ditador na Venezuela tomar a prefeitura de São Paulo. Não vai. Aqui em São Paulo, a gente vai vencer esse perigo — disse Nunes, que acrescentou: — Eu garanto que os próximos quatro anos serão os melhores quatro anos da história da cidade de São Paulo.

Bolsonaro associou o adversário de Nunes à “invasão de propriedades”, numa referência ao histórico de Boulos como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

— O que tá dando certo, não mude. Toque pra frente. Vamos valorar o que está dando certo. Não podemos entregar a cidade para alguém que nunca trabalhou na vida, alguém que quando foi pra rua foi para invadir a propriedade alheia. Isso não dá certo — declarou.

Bolsonaro disse que Nunes “já se provou” e é o nome “adequado e justo” para a prefeitura da cidade. Também elogiou a trajetória do seu indicado para a vaga de vice, Mello Araújo, destacado por ele como um “homem valoroso”.

Tarcísio elogiou a “humildade” de Nunes e disse que o prefeito é quem verdadeiramente vai atender aos movimentos que lutam por moradia — bandeira histórica de Boulos por sua atuação no MTST.

Também subiram ao palco junto a Nunes o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP); o ex-governador Rodrigo Garcia (coordenador da campanha de Nunes); o senador Marcos Pontes (PL-SP); e Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas.

Nunes chegou ao poder após a morte de Covas em 2021, de quem era vice, portanto esse será seu primeiro teste nas urnas para o cargo de prefeito. Antes, ele foi vereador por dois mandatos, e seu reduto eleitoral é a região de Interlagos, na Zona Sul da capital.

Desde o ano passado, Nunes tem aparecido nas pesquisas de intenção de voto tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (Psol), e seu entorno aposta que este será o cenário do segundo turno — e neste caso, ainda segundo as pesquisas, é o emedebista quem aparece com mais chances de vencer. Entretanto, nas sondagens mais recentes o apresentador José Luiz Datena (PSDB) aparece colado tanto no emedebista quanto no psolista, num empate triplo.

O emedebista tem adotado um discurso de que sua gestão é a continuidade do governo tucano e tenta se equilibrar nesse legado de Covas ao mesmo tempo em que se alia a Bolsonaro, que era criticado pelo ex-prefeito.

A pré-campanha de Nunes tem focado em destacar os resultados de sua gestão, e esse tom deve seguir nos próximos meses — pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana mostrou que sua gestão é aprovada por 33% e reprovada por 22%. As principais vitrines a serem exploradas devem ser a boa situação orçamentária da cidade, a fila da creche zerada, a Faixa Azul para motos, o Domingão Tarifa Zero, o Aquático, as novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) construídas e o recapeamento de vias.

A candidatura de Nunes é considerada um projeto prioritário nacional do MDB, e o presidente do partido, o deputado federal Baleia Rossi, acompanha de perto esse projeto. Ganhar a eleição na maior cidade da América Latina, com o maior orçamento, é uma vitrine importante para a sigla e que demonstra força em projetos nos quais o partido quer protagonismo. Foi o caso da tarifa zero no transporte público, uma bandeira que o MDB começou a defender no ano passado e que foi adotada em São Paulo aos domingos, uma política que deve ser bastante explorada na campanha.

O partido terá R$ 404 milhões do Fundo Eleitoral para gastar na campanha, mas ainda não está definida qual a fatia ficará para a campanha paulistana. Além dos fartos recursos, Nunes contará com o maior tempo de TV e rádio na disputa, já que terá a maior coligação dentre todos os candidatos. O tempo exato só é definido pela Justiça Eleitoral após o registro de todas as candidaturas.

O lançamento oficial do projeto de reeleição de Nunes ocorre em uma semana de desgaste de sua imagem após ter sido citado em um inquérito da Polícia Federal que aponta suposto envolvimento em um esquema de desvio de verbas de creches. O prefeito nega qualquer irregularidade e aponta que a PF fez uma “análise incorreta dos múltiplos documentos” que foram juntados por sua defesa no processo.

Com informações de O Globo.  

Fonte: https://agendadopoder.com.br/ricardo-nunes-oficializa-candidatura-a-reeleicao-em-sao-paulo-em-evento-com-bolsonaro-temer-tarcisio-e-michelle/