24 de novembro de 2024
“Sem querer”, cientistas criam material extremamente preto (e colocam em
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Cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, fizeram uma descoberta acidental que promete revolucionar diversos setores, desde a joalheria até a astronomia. Em experimentos para tornar a madeira mais resistente à água, os pesquisadores desenvolveram um novo material aveludado e preto (muito preto, mesmo) capaz de absorver quase toda a luz que incide sobre ele.

O chamado “Nxylon”, nome dado ao material em homenagem à deusa grega da noite, pode absorver mais de 99% da luz que o atinge (refletividade média de 0,68%) – significativamente mais do que a tinta preta normal, que absorve cerca de 97,5% da luz (reflete pelo menos 2,5%). Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Advanced Sustainable Systems.

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Ele é produzido através de um processo inovador que envolve a aplicação de plasma de alta energia em madeira de tília (e de outras espécies). A camada superficial que muda de estrutura tem apenas cerca de 0,5 a 1 mm de espessura. Isso significa que uma infinidade de folhas finas de Nxylon pode ser produzida a partir de uma única placa de madeira.

Imagem: Aparência de amostras de tília modificadas por plasma. A parte superior de cada amostra foi mascarada e a parte inferior foi exposta ao plasma. A linha superior de seis amostras mostra superfícies transversais expostas a níveis crescentes de energia plasmática (da esquerda para a direita): a) 0 W (controle); b) 200 W; c) 250 W; d) 300 W; e) 400 W; f) 500 W. Observe a aparência aveludada muito preta das amostras expostas ao plasma de alta energia (400 e 500 W). A linha inferior de seis amostras mostra superfícies longitudinais tangenciais expostas a níveis de energia plasmática cada vez mais altos (da esquerda para a direita): g) 0 W (controle); h) 200 W; i) 250 W; j) 300 W; k) 400 W; l) 500 W. Barras de escala = 10 mm. / Cheg et al. 2024

Um material preto para ser usado até na astronomia

A capacidade do Nxylon de absorver quase toda a luz abre um leque de possibilidades. No setor de joalherias, por exemplo, o material pode substituir pedras preciosas negras como o ônix, oferecendo uma opção natural, sustentável e mais leve. A astronomia também pode se beneficiar do Nxylon, já que sua capacidade de absorver a luz pode melhorar a qualidade das imagens obtidas por telescópios.

Outras aplicações potenciais incluem:

  • Células solares: O Nxylon pode aumentar a eficiência das células solares, reduzindo a quantidade de luz refletida
  • Dispositivos ópticos: O material pode ser utilizado em dispositivos ópticos de alta precisão, como microscópios e telescópios
  • Design de interiores: O Nxylon pode ser usado para criar ambientes com alto nível de absorção de luz, como estúdios fotográficos e salas de cinema

Material sustentável

Uma das características mais interessantes do Nxylon é sua sustentabilidade. A madeira de tília é uma matéria-prima renovável e amplamente disponível. Além disso, o processo de produção é relativamente simples e não envolve o uso de produtos químicos tóxicos.

Os relógios no destaque da matéria contam com o Nxylon. Os cientistas demonstraram que ele pode substituir madeiras pretas caras e raras, como ébano e jacarandá, nos mostradores. A equipe da UBC planeja fundar uma startup para comercializar o material e explorar novas possibilidades. De repente, até como possível alternativa ao Vantablack, que consegue absorver 99,96% da luz.

O post “Sem querer”, cientistas criam material extremamente preto (e colocam em relógios) apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/08/04/ciencia-e-espaco/sem-querer-cientistas-criam-material-extremamente-preto-e-colocam-em-relogios/