Neutrinos de alta energia estão sendo investigados pelo Telescópio de Neutrinos de Quilômetro Cúbico (KM3NeT), ainda em construção, com o objetivo de desvendar suas origens astrofísicas. Usando o oceano como um tipo de detector, o equipamento explora um fenômeno interessante que ocorre quando partículas subatômicas viajam mais rápido do que a luz ao atravessar certos meios, como a água.
A velocidade da luz no vácuo – cerca de 300 mil km/s – é o limite de velocidade absoluto do Universo, segundo a teoria de Einstein. No entanto, ao passar por meios como a água, essa velocidade diminui para aproximadamente 200 mil km/s. Quando partículas subatômicas conseguem superar essa velocidade reduzida, ocorre um fenômeno conhecido como “efeito Cherenkov”.
Esse efeito foi descoberto em 1934 pelo físico soviético Pavel Cherenkov, ao observar uma luz azul emitida por água bombardeada com radiação. Essa luz, chamada de radiação de Cherenkov, é gerada quando partículas carregadas se movem mais rápido que a luz na água, produzindo um efeito semelhante ao estrondo causado por aviões que ultrapassam a velocidade do som. Em reconhecimento a essa descoberta, Cherenkov, juntamente com Il’ja Mikhailovich Frank e Igor Yevgenyevich Tamm, recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1958.
Detalhes sobre neutrino mais energético já observado permanecem em segredo
A missão do KM3NeT é detectar a luz de Cherenkov gerada por interações de neutrinos no oceano. O observatório ARCA (sigla em inglês para Pesquisa de Astropartículas com Cósmicos no Abismo), que compõe a maior parte do telescópio, conta com detectores submersos em cordas que alcançam 3.500 metros de profundidade no Mar Mediterrâneo. Esses dispositivos são essenciais para eliminar interferências, como o decaimento do potássio 40, permitindo a identificação de sinais relevantes.
Recentemente, um evento registrado pelo ARCA foi descrito como “fantástico” pelo físico belga Francis Halzen, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, em declaração à Nature News.
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Durante a conferência Neutrino 2024, realizada em Milão, o físico João Coelho, da Universidade de Lisboa, em Portugal, mencionou que esse evento se destacou significativamente, mas informações sobre sua localização e o momento da detecção foram mantidos em sigilo. Isso visa evitar que outras equipes possam rastrear a fonte cosmológica antes que a análise seja concluída.
Agora, a comunidade científica aguarda com expectativa por mais detalhes sobre essa descoberta que promete ser revolucionária.
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